Preconceito racial e discriminação racial são duas coisas diferentes

por: Luís Fernando Verissimo


O preconceito é um sentimento, fruto de condicionamento cultural ou de uma deformação mental, mas sempre incorrigível.

Não se legisla sobre sentimentos, não se muda um habito de pensamento ou uma convicção herdada por decreto.

Já a descriminação racial é o preconceito determinando atitudes, políticas, oportunidades e direitos, o convívio social e o econômico.
Não se pode coagir ninguém a gostar de quem não gosta, mas qualquer sociedade democrática, para desmentir o nome, deve combater a descriminação por todos os meios – inclusive a coação.

Não concordo com quem diz que uma política de cotas para negros no estudo superior é discriminação.

É coação, certo, mais para tentar corrigir um dos desequilíbrios que persistem na sociedade brasileira, o que reflete na educação a desigualdade de oportunidades de brancos e negros em todos os setores, mal disfarçada pela velha conversa da harmonia racial tão nossa.
As cotas seriam irrealistas? Melhor igualdade artificial do que igualdade nenhuma.

Agora mesmo caíram em cima de quem disse – numa frase obviamente arrancada do contexto – que racismo de negro contra branco é justificável.

Nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é.
Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que o tinha abolido no papel.

Não se esperava que o preconceito acabasse com o decreto da abolição, mas mais de 100 anos deveriam ter sido mais do que suficientes para que a discriminação diminuísse.

Não diminuiu.

Igualar racismo de negro com racismo de branco não resiste a um teste elementar.

O negro pode dizer – distinguindo com nitidez preconceito de descriminação – “Não precisa me amar, só me dê meus direitos”.
Qual a frase mais próxima disto que um branco poderia dizer, sem provocar risos?

“Não precisa me amar, só tenha paciência”? “Me ame, apesar de tudo”?. Pouco convincente.

É uma questão que vai e vem, como as marés.

A velha oposição, na seleção brasileira, do time do povo e o time do técnico.

Quando as coisas vão bem (Brasil 4, Chile 0) não há discussão, quando as coisas vão mal (Brasil ali ali, Gana 0) volta a questão.
O povo quer os melhores sempre no time.

Isto se repete há anos.

Mudam os técnicos, mudam os melhores, muda, em boa parte o povo, e a questão continua indo e vindo.
Como as marés.

Matéria original

+ sobre o tema

Sakamoto: Depois de muito tempo, este blog desce do pedestal e responde a um leitor

por Leonardo Sakamoto Detesto fazer o que chamo...

TIRIRICA E SARNEY

Por: Luis Fernando Veríssimo Richard Nixon certa vez...

Juízes lançam nota de repúdio à Condução Coercitiva de Lula

Juízes divulgam nota em que afirmam que não se...

para lembrar

Votos dos imigrantes latinos na Flórida podem ser decisivos para eleição

Lucas Rodrigues* Miami, Flórida - A cidade de Miami, na...

Avaliação positiva do governo Lula bate recorde e chega a 75%

Por: YGOR SALLES A avaliação positiva do governo do...

Michelle Obama: “Os homens de minha vida não falam assim sobre as mulheres”

Há emoção nos comícios de Michelle Obama a favor...

Fim da saída temporária apenas favorece facções

Relatado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Senado Federal aprovou projeto de lei que põe fim à saída temporária de presos em datas comemorativas. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA),...

Morre o político Luiz Alberto, sem ver o PT priorizar o combate ao racismo

Morreu na manhã desta quarta (13) o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), 70. Ele teve um infarto. Passou mal na madrugada e chegou a ser...

Equidade só na rampa

Quando o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, perguntou "quem indica o procurador-geral da República? (...) O povo, através do seu...
-+=