Glécio Machado Siqueira, de 36 anos, é professor do curso de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Com dois pós-doutorados, ele dá aulas para o campus de ciências agrárias e ambientais, ministrando aulas de física e biofísica para 200 estudantes dos cursos de engenharia agrícola, biologia e zootecnia. Glécio afirma que foi vítima de ameaças e preconceito praticados por três alunos dentro do campus da Universidade, localizado no município de Chapadinha.
por Ligia Teixeira no Jornal Pequeno
“Me chamam de bicha, de gay, e outras agressões verbais impublicáveis”. disse o professor a jornalistas. Segundo informações, o professor atua há pouco tempo na universidade e desde que foi contratado, sofre insultos e agressões verbais por parte de um grupo de estudantes do curso onde leciona.
Segundo Siqueira, as agressões e ameaças foram comunicadas à direção do curso que o aconselharam a mudar hábitos e passar a usar o banheiro feminino do Campus. O professor alega que chegou a levar a questão à ouvidoria da UFMA, bem como à reitoria, mas nada teria sido feito para punir os alunos agressores. A reitoria da UFMA não quis se posicionar publicamente sobre o assunto.
“Comuniquei aos setores responsáveis na universidade e também ao MEC e recebi o silêncio como resposta. Os insultos só vêm aumentando e eu me sinto sozinho, pois não recebi nenhum apoio da universidade. O que me fortalece são alunos que repudiam estes atos de homofobia e estão me apoiando. Integrantes do DCE [diretório central estudantil] já presenciaram essas agressões, se reuniram e fizeram um abaixo-assinado repudiando os atos homofóbicos”, disse Siqueira.
A Comissão de Diversidade Sexual da OAB/MA (Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão) esteve em Chapadinha para denunciar o caso à polícia. O professor informou que vai ingressar com ação na Justiça.
O Maranhão está entre os estados com as taxas mais elevadas de denúncias de violências homofóbicas do país. A taxa de denúncia ao poder público originadas no Maranhão foi de 5,44% para cada grupo de 100 mil pessoas, ocupando a quarta colocação na tabela de casos, superado pelo Piauí, Distrito Federal e Ceará. Em 2011, data deste levantamento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foram 358 denúncias de violência homofóbica no Maranhão. A taxa no estado é superior à do Brasil em geral, de 3,48%, correspondendo a 6.809 denúncias de caráter homofóbico.