O professor de História do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA), Valdecido Pereira da Silva, vai processar o policial civil Paulo Valério Kwiatkowski pelo crime de racismo, ocorrido no último dia 28 de dezembro em um supermercado na Rua Brasil, na região central de Londrina. A audiência já foi marcada para o dia 10 de fevereiro.
Segundo o relato do professor, ele estava na fila do caixa eletrônico dentro do estabelecimento, quando foi acusado pelo policial à paisana de tentar visualizar a senha da conta bancária. Em seguida, Kwiatkowski pronunciou palavras ofensivas e xingamentos racistas como “negro vagabundo”. O desentendimento terminou com trocas de agressões físicas entre os envolvidos.
Ainda conforme Silva, quando ele utilizava o caixa eletrônico, o policial retornou ao local e com uma arma ameaçou a vítima de racismo e mandou o professor se deitar no chão. Kwiatkowski levou Silva em uma viatura até o 1º Distrito Policial, onde o policial registrou Termo Circunstanciado de Infração Penal, acusando o professor de agressão física.
A gestora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Maria de Fátima Beraldo, afirmou que só tomou conhecimento do caso em Londrina no começo da semana. Nesta sexta-feira (6), a gestora se reuniu com o Centro de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para definir as medidas cabíveis para o caso de racismo.
Ela informou que no início da próxima semana a Gestão de Igualdade Racional vai entrar em contato com a Promotoria do Município, que retorna do recesso. “Além disso, na próxima terça-feira, vamos até a Defensoria Pública para apresentar a denúncia e definir os encaminhamentos jurídicos”, adiantou.
A CDH vai prestar assistência jurídica ao professor na defesa criminal pela acusação de agressão física e no processo contra o policial pelo crime de racismo. Além disso, a vítima ainda pode receber indenização moral, que pode até ser paga pelo Estado se ficar comprovado que Kwiatkowski estava em exercício. “Ainda cabe uma medida educativa contra a atitude do policial e até o estabelecimento comercial pode responder pelo envolvimento no caso”, disse a gestora.
Além da assistência jurídica, Maria de Fátima informou que a Gestão de Igualdade Racial vai oferecer à vítima acompanhamento emocional e psicológico. No ano passado, o Município encaminhou ao Ministério Público (MP) quatro denúncias de racismo em Londrina. No entanto, o número de casos são bem mais elevados. “A gente recebe muitas pessoas que relatam ofensas racistas, mas a maioria tem medo ou vergonha de denunciar, principalmente quando são agredidas por autoridades ou no local de trabalho”, comentou.
Fonte: Bonde de Londrina