Mulher, que mora em Ipiaú, no sul do estado, garante que tinha documentação para comprovar condições financeiras para ficar no país, mas foi deportada. Caso aconteceu em dezembro de 2018.
Do G1
Uma professora baiana acusa a polícia da Espanha de racismo e violação dos direitos humanos, após ser deportada e impedida de entrar no país, em dezembro de 2018. O caso aconteceu quando Stella da Silva Lima foi passar as férias e o fim de ano com familiares, que moram na região da Cantábria.
Stella foi recebida por uma equipe da Polícia de Fronteira da Espanha, no Aeroporto de Madrid, no dia 26 de dezembro. A mulher foi questionada sobre a forma que conseguiria passar os 30 dias no país.
“Eles não aceitavam minhas justificativas. Eu não era considerada turista desde o primeiro momento. Eu fui tratada como criminosa desde o primeiro momento na Espanha”, disse Stella da Silva.
A professora alega que mesmo com o passaporte, passagens de volta compradas, dinheiro trocado para o euro, seguro de viagem feito e uma carta convite feita pelo cunhado, que é espanhol, ela foi barrada.
Stella suspeita que foi impedida pela funcionária da polícia por conta de racismo. A professora informou que a espanhola não acreditou quando ela informou que era funcionária pública.
“Eu disse, eu sou funcionária pública, eu trabalho para o governo da Bahia, eu sou professora. E ela me indagou. Se você trabalhasse para o governo, você saberia que essa carta não é válida. Aí eu falei para ela: ‘como assim trabalhasse para o governo, e por que essa carta não é válida’? É uma carta muito bem escrita, ela tem todas as informações”, contou Stella.
“Falando sempre muito alto, ela me disse, saia da fila e espere ali do lado que você vai passar por outra entrevista”, completou a professora.
Mesmo após tentar comprovar que estava apta a entrar na Espanha, Stella foi impedida. A baiana voltou para Ipiaú no dia 29 de dezembro.
Por conta da forma em que foi tratada, Stella Silva não pretende mais fazer viagem para o continente europeu. “Eu nunca imaginei que fosse passar por algo semelhante. É muito difícil pensar em voltar a Europa. Porque foi um pesadelo o tempo que eu estive lá”, lamentou a professora.
A baiana contratou o advogado brasileiro, Manoel Campos, especializado em direito internacional e uma defensora pública espanhola para buscar os direitos dela. Uma denúncia será feita no Ministério das Relações Exteriores e no Itamaraty.
“Não há uma justificativa plausível para que ela tenha sido barrada, o que nos leva a entender que houve uma violação dos direitos e um preconceito”, disse Manoel Campos.
“Vamos denunciar perante o Ministério das Relações Exteriores, perante o Itamaraty, para que nos explique a razão pelo qual um nacional está dentro de um país estrangeiro, onde tem um consulado e não pode contar com este serviço, com essa instituição. Fica à mercê, que foi o que aconteceu com ela”, explicou o advogado brasileiro.
A defensora pública espanhola afirmou que todas instâncias judiciais estão sendo comunicadas para entender os motivos do deportação de Stella.
“Nós também temos uma queixa pendente que formulamos no Escritório Defensor do Povo, pois acreditamos que é importante que esse escritório se pronuncie sobre a atuação policial que Stella sofreu, já que Stella reunia todos e cada um dos requisitos para poder entrar na Espanha e aproveitar os dias que tinha de férias e de fim de ano”, disse a defensora espanhola.
O Ministério das Relações Exteriores da Bahia informou que ainda não foi comunicado sobre o caso de Stella da Silva. Segundo o órgão, as medidas cabíveis serão tomadas após a queixa.