Professora Bárbara Carine denuncia racismo em campanha publicitária do Cremeb, em Salvador: ‘reforça estereótipo’

Enviado por / FonteG1

Em peças publicitárias espalhadas por pontos da capital baiana, a entidade diz: “Uma delas é falsa", com a imagem espelhada de uma médica negra. Cremeb afirmou que também usa imagens de pessoas brancas na mesma campanha.

A professora e escritora baiana Bárbara Carine denunciou racismo em uma campanha publicitária realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), em Salvador. A denúncia foi feita através de um vídeo compartilhado nas redes sociais neste sábado (12) e o conselho negou que tenha agido de forma racista.

Em peças publicitárias espalhadas por Salvador, a entidade diz: “Uma delas é falsa. Na dúvida, consulte o site do Cremeb”, com a imagem espelhada de uma mulher negra, que representa uma médica. 

Bárbara Carine afirmou que a imagem não se trata apenas de alertar a população sobre a atuação de falsos médicos, questionou e criticou o uso da imagem de uma pessoa negra.

“Eu não conheço pessoas ‘metendo o louco’, arriscando ser médicas, sem diploma, sem título. Eu vejo muita gente branca, se utilizando do seu lugar de passibilidade, da sua estética de poder, de segurança, de alguém que está acima de todas as suspeitas, para fazer isso e dar golpe em muita gente por aí no Brasil”, afirmou a escritora.

“Isso aqui que o Conselho Regional de Medicina da Bahia fez é muito bizarro, incita pensamentos racistas, reforça o estereótipo racista, do ponto de vista estrutural, que permeia esse imaginário coletivo social”.

Em nota, o Cremeb afirmou que a imagem criticada pela professora é apenas uma de três modelos utilizados na campanha publicitária, que visa combater o exercício ilegal da medicina. Nas outras imagens, que foram enviadas para o g1, os personagens são uma mulher e um homem brancos.

Nos comentários, internautas concordaram com o posicionamento de Bárbara Carine e fizeram diversas críticas ao Cremeb.

“Quando a propaganda é sobre um assunto ‘positivo’ não colocam a imagem de uma pessoa negra. Absurdo! O outdoor fomenta o racismo sim!”, escreveu uma mulher.

“Quando o contexto é negativo eles lembram de nos colocar como ‘referência’. E ainda vão alegar que pensaram em contribuir com a inclusão e representatividade dos negros, só que não… O racismo brota de todas as formas da branquitude!”, falou outro.

Confira nota do Cremeb na íntegra:

“O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) esclarece que o outdoor citado é apenas um dos três modelos utilizados nesta campanha publicitária, que visa combater o exercício ilegal da medicina.

A autarquia federal tem como objetivo refletir a pluralidade da sociedade em todas as suas iniciativas, assegurando que diferentes grupos sejam igualmente representados e respeitados.

Enfatizamos que os que praticam o exercício ilegal da medicina têm representantes em todas as etnias, cores, gêneros e faixa etária. A campanha traz a diversidade da nossa sociedade e o seu objetivo é despertar em todos o cuidado com quem trata a sua saúde.

Na dúvida, consulte o site do Cremeb”.

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