Provar

Por Fernanda Pompeu

Foto: Lucíola Pompeu

A primeira vez que entrei em uma sala de aula tremi feito bambu fustigado pelo vento. Eu era roteirista, e fui contratada para ajudar os alunos do Curso de Vídeo do Senac a escrever histórias que seriam depois contadas por meio de imagens e sons.

Lembro de vinte pares de olhos me observando. Fisionomias compenetradas esperando que eu demonstrasse o meu saber. Nessa época, anos 1990, eu era uma das roteiristas da série Mundo da Lua, produzida pela tv Cultura.

Também já havia roteirizado dezenas de vídeos para empresas: roteiros de treinamento, institucionais, de boas práticas, de propaganda. E um sem-número de roteiros sociais: povo de rua, violência doméstica, prevenção do Hiv-Aids e quejandos.

Em resumo: eu sabia do riscado. Mas isso não impediu que eu tivesse que dar essa primeira aula sentada, a modo de disfarçar o bambolê das minhas pernas. Minha voz que é grossa saía como um fiozinho de água rala.

Pois, tinha eu a sensação de que estava sendo testada. Você, na certa, conhece bem o estresse de ter que provar que tem valor. Provar que não é um charlatão, nem uma paraquedista de ocasião. Tudo isso ao vivo. As pessoas ali, encarando você.

Na segunda aula, já consegui passar o recado sem precisar me sentar. Na terceira, consegui rir sozinha. Na quarta, consegui fazer a turma rir. Na última, eu e os alunos éramos amigos. Alguns deles para toda a vida.

Fui professora de roteiro durante dez anos. Vi a chegada da mídia digital aposentando a analógica. Vi o VHS desaparecer. Senti a derrocada dos vídeos empresariais com o surgimento da internet. E, é claro, a mudança significativa do perfil dos alunos.
Mas o mais importante, para mim, foi a experiência de ter me tornado uma professora absolutamente à vontade. Alguém capaz de passar os recados com muita segurança e, o melhor de tudo, com bom humor.

É evidente que quando alcancei esse patamar, parei de dar aulas. Como também parei os roteiros. Tinha chegado a hora de experimentar outras provas. A hora de provar outros sabores. E lá fui eu, novamente tremendo feito bambu fustigado pelo vento.

 

 

Fonte: Yahoo

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