Quem são e o que querem os membros do Movimento Passe Livre

“As coisas só andam se você for para a rua”, disse ao Diário um manifestante do grupo que está organizando as manifestações em São Paulo.

 

O Movimento Passe Livre São Paulo virou assunto no Brasil depois de dois grandes protestos nesta a semana. O primeiro foi na Paulista, o segundo em Pinheiros. Eles reivindicam tarifa de ônibus gratuita. Alckmin condenou os manifestantes. Haddad prometeu dialogar, mas afirmou que a violência fez com que os protestos tivessem efeito contrário ao almejado. Também declarou que está estudando uma possível diminuição no preço com Dilma.

O MPL não começou ontem. Pelo menos desde 2006 ele atua em São Paulo. Bandeiras do PSTU e do PSOL podiam ser vistas nas ações. Em 2011, protagonizaram alguns atos em São Paulo. Num deles, um boneco do ex-prefeito Kassab foi queimado em frente a sua casa. A maioria terminou em confronto com a polícia.

A capacidade de articulação está chamando a atenção de muita gente. Enquanto um encontro com pessoas indignadas com os arrastões nos restaurantes em São Paulo não sai do sofá, o MPL colocou 5 mil pessoas, nas contas da PM, na rua na sexta (7). A carta de intenções está na página do Facebook. Segundo eles mesmos:

. São autônomos, apartidários e independentes. Também se dizem “horizontais”, seja lá o que isso signifique.

. Foram batizados numa plenária nacional em janeiro de 2005 no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Antes disso, há seis anos, existia a Campanha do Passe Livre em Florianópolis. Em 2006, o Terceiro Encontro Nacional do MPL teve a participação de mais de dez cidades na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, em Guararema (SP).

. Não há uma liderança específica (eis a horizontalidade).

. Acreditam que as pessoas envolvidas na luta são responsáveis pelas escolhas e a criação das regras do movimento.

. Pressionam o governo por políticas públicas, mas defendem que existe política para além do voto. São apartidários, mas militantes de partidos políticos são bem-vindos.

. Sobre a tarifa: “não se trata de ‘ônibus de graça’; esse ônibus teria um custo, mas pago por impostos progressivos, não pela tarifa. O que a prefeitura precisa fazer é uma reforma tributária nos impostos progressivos, de modo que pague mais quem tem mais dinheiro, que pague menos quem tem menos e quem não tem não pague (impostos e taxas). Distribuir melhor o orçamento público, separando uma parte para subsidiar o transporte, ao invés de gastar dinheiro em propaganda, corrupção e obras que não atendem às reais necessidades da população. O passe livre estudantil já é realidade no Rio de Janeiro e no Distrito Federal”.

No Facebook, é possível acompanhar de perto as discussões no MPL, inclusive sua agenda de eventos. Uma estudante, por exemplo, sugere fazer como as moças do Femen e organizar uma passeata topless. Um jovem preparou uma enquete para saber se os participantes preferiam um encontro com ou sem quebradeira. Ali também está um manual para se defender de agressões da polícia, com instruções detalhadas.

No dia 11 de junho, o MPL prepara uma nova manifestação na Praça do Ciclista, entre a Bela Cintra e a Consolação, em São Paulo.

O Diário conversou com um dos manifestantes. JRL preferiu ficar anônimo.

O que o MPL quer?

Tarifa zero. O transporte público de São Paulo é uma vergonha. Não dá para ficar assim. As pessoas dizem que 3,20 é barato, mas não é se você levar em consideração o lixo que são os ônibus.

Vocês são ligados a algum partido?

Não. Muita gente ficou revoltada com militantes do PSTU e do PSOL que levaram bandeiras, mas não vamos expulsar ninguém.

Por que houve quebradeira na Paulista?

Foi um erro de algumas pessoas. Ninguém queria partir para a violência. Mas a PM não sabe fazer outra coisa que não meter a cacetada e nós não vamos apanhar quietos.

Muita gente está reclamando que vocês causam desordem e prejudicam a população…

As pessoas reclamam quando ninguém faz nada e reclamam quando alguém faz. Não dá para entender. O único jeito de fazer as coisas acontecerem é ir para a rua. Ainda não inventaram outra maneira. As redes sociais nos ajudaram, mas ninguém muda nada falando merda no Facebook.

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Fonte: Diário do Centro do Mundo

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