Racismo e fobia religiosa estão presentes em ataques terroristas

A recessão econômica, aliada à cada vez maior presença do racismo e da fobia religiosa, direcionada contra o islamismo, são apontados por muitos como a causa dos ataques terroristas na Noruega na semana passada.

Os ataques mataram mais de 90 pessoas e um homem foi preso, acusado de ser o autor dos atentados. Anders Behring Breivik, um dos neonazistas noruegueses, foi detido e é apontado como autor dos crimes.

Embora alegue ser apenas um “nacionalista”, a polícia norueguesa afirma que ele é um extremista de direita que pertence a um dos pequenos bandos de direitistas que têm sido monitorados pelas polícias ocidentais nos últimos anos.

Segundo a emissora pública britânica de notícias, BBC, a polícia norueguesa teria percebido o aumento da atividade dos grupelhos em 2011, mas não considerou que isso teria alguma gravidade, afirmando que esse tipo de movimento “seria fraco”, não tinha liderança nem “potencial de crescimento”.

O ataque demonstra que a polícia norueguesa pode ter até razão em sua análise, mas cometeu um erro crasso ao não monitorar de forma mais detida esses grupúsculos.

Como o “movimento” neonazista norueguês é considerado “pequeno”, não haveria grandes dificuldades para vigiá-lo e prevenir ataques como o da semana passada.

Não faltam evidências de que o “movimento” tem se organizado cada vez mais e tem agido à luz do dia nos últimos anos.

Jorn Madslien, repórter da BBC no norte da Europa, afirma que os problemas criados pelos extremistas já eram apontados para a sociedade desde a década de 1990, quando o falecido escritor sueco Stieg Larsson criou a publicação anti-racista Expo, após o aumento da violência causada por tais grupos.

“Entrevistado para um documentário que eu fazia à época, ele me disse que a Suécia era o maior produtor da chamada música White Power e outros instrumentos de propaganda racial, com um movimento neonazista crescente e violento”, diz Madslien.

Segundo Larsson, os neonazistas noruegueses eram desorganizados e caóticos. Como prova, conta como eles se portavam em encontros organizados pela extrema direita sueca.

Os suecos eram articulados, organizados e bem vestidos, segundo Larsson. “Os noruegueses vinham de ônibus, bebendo e chegavam incoerentes e mal-vestidos”, lembra Madslien, referindo-se ao que leu de Larsson.

Grupos de extremistas de direita noruegueses criaram laços com a comunidade de criminosos, assim como grupos similares no exterior, na Europa, Rússia e EUA.

Ao mesmo tempo, a Suécia viveu uma grande diminuição da atividade extremista desde seu auge em meados dos anos 90, quando seus jornais publicaram fotos de todos os neonazistas conhecidos do país.

A revista fundada por Larsson relata como a repulsa mostrada pelos suecos nos anos 1990 vem se transformando cada vez mais em curiosidade sobre a retórica “suavizada” da extrema direita.

O mesmo tem acontecido na Noruega, onde é cada vez mais frequente a disucssão, por políticos locais, sobre como a cultura do país seria “diluída” pela imigração vinda de países com valores e religiões diferentes.

Fonte: Vermelho

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