Cansados de observar repetidos atos de racismo contra jogadores brasileiros no exterior e sem uma estratégia clara para lidar com o problema, o governo federal decide elevar o tom e levar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta semana, a diplomacia do País se alia à África do Sul e apresenta ao órgão internacional uma proposta de resolução condenando atos de discriminação no esporte. A decisão de tratar do caso na ONU é inédita e já conta com o apoio de todos os países africanos.
O fenômeno do racismo no futebol tem assustado a Fifa e outras entidades ligadas aos esportes. O problema não se refere apenas às ofensas de torcedores contra jogadores, mas também a insultos dentro do próprio campo ou entre atletas da mesma equipe no vestiário. De acordo com analistas da Fifa, o fenômeno é um espelho de uma crise social que vem se agravando na Europa. Governos como os da Itália, Reino Unido e Espanha têm levantado verdadeiros muros contra a imigração. Em campo, quem sofre são os atletas negros ou de credos diferentes da maioria. Outro problema é a relutância dos governos e federações europeias em lidar de forma concreta com o problema.
África do Sul e Brasil, sedes das duas próximas Copas do Mundo, querem a aprovação de uma resolução que condene politicamente o racismo no esporte e peça medidas concretas para lidar com o problema. Na ONU, o tema será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos, que inicia seus trabalhos na próxima segunda-feira. O texto vai à votação e será um teste real do compromisso dos europeus em lidar com o fenômeno.
Fonte: Gazeta do Sul