Racismo – Por: Maria Cecília Rodrigues de Oliveira

O tratamento dispensado ao jogador Tinga, do Cruzeiro, pela torcida peruana, na Libertadores, dia 12 de fevereiro último, causou profundo constrangimento aos seus companheiros de equipe e indignação à maioria da nação brasileira. “A cada vez que tocava na bola, gritos da torcida local imitavam o som de macacos”, noticiou o site de uma revista nacional.

Esse triste episódio motivou este artigo.

Em sociologia, qualquer preconceito com base racial constitui racismo. Preconceito, por sua vez, é uma atitude cultural negativa dirigida a membros de um grupo que combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais. Ambos, preconceito e racismo, são problemas sociais graves, pois fundamentam a discriminação por meio de tratamento desigual a indivíduos que pertencem a determinado grupo.

Na segunda metade do século XIX e início do século XX, tem origem a discriminação social assentada nas teorias racistas e eugenistas, as quais atribuíam superioridade à sociedade branca europeia em relação a outros povos. Com o avanço da genética nas últimas décadas, comprovou-se que não há qualquer evidência científica da existência de povos com atributos genéticos ou morais que sejam superiores em relação a outros, o que torna ultrapassada a ideia de “raças” na espécie humana. Em suma, a espécie humana é uma só!

Lamentavelmente, tanto no Brasil como em outros países do mundo, o racismo, e consequentemente a discriminação racial, ainda resiste fortemente, porque, como fenômenos sociais, são construídos histórica e socialmente.

Por causa desse ranço discriminatório, muitas pessoas têm sido desrespeitadas, humilhadas, expostas ao vexame, agredidas física e moralmente, o que lhes causa grande sofrimento, além de afetar profundamente a autoestima delas.

No entanto, a intolerância com o diferente não se restringe ao racismo. Ela se estende aos deficientes físicos, aos homossexuais, às mulheres, àqueles de menor poder aquisitivo, entre outros grupos. Assim, demonstrações explícitas de intolerância e discriminação podem ser observadas em diferentes contextos: nas escolas (por meio do bullying), nas ruas (pelos ataques a homossexuais), nas famílias (violência contra mulheres), bem como nos estádios de futebol, nas instituições religiosas, na política, em todos os lugares nos quais o preconceito prepondera sobre o direito à diversidade.

Desse modo, como sociedade global e plural do século XXI, torna-se imperativa a reflexão sobre quais valores queremos preservar para a manutenção da “humanidade”…

* Maria Cecília Rodrigues de Oliveira é psicóloga e editora plena da Divisão de Sistemas de Ensino da Saraiva. Contato: [email protected].

Fonte: A Critica

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