Écurioso pensar que a presença de Rael e Elza Soares no Rock in Rio 2017 tenha acontecido de última hora -foram escalados para substituir o “soulman” americano Charles Bradley, que cancelou a vinda para tratar um câncer. A dupla brasileira transformou um improviso em consagração.
Rael montou um repertório em cima das músicas de seu disco mais recente, o ótimo “Coisas do Meu Imaginário”. Incluiu uma versão reggae de “My Girl”, clássico dos Temptations, emendada com “Kinky Reggae”, consagrada por Bob Marley.
Depois de sete músicas, com destaque para “Caminho” e “Hip Hop é Foda 2”, o show parou para que Elza entrasse no palco sobre o trono que tem utilizado em suas apresentações nos últimos tempos. Com mais de 80 anos -sua idade é indeterminada por várias versões de sua biografia- ela supera a fragilidade física com a vontade de cantar com artistas jovens.
Rael, rapper de 36 anos, reverenciou Elza montando as quatro últimas músicas da noite para ela. No trono, cercada por modelos negros exibindo os corpos definidos, ela cantou “A Carne”, com seu verso contundente: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Rael improvisou um trecho para complementar a música.
Depois, mais três de Elza: “Maria da Vila Matilde”, “Hoje É Dia de Festa” e “A Mulher do Fim do Mundo”, maior hit de seu álbum mais recente e premiado.
Eclética em seu repertório, Elza Soares ganhou justa homenagem de um festival também com fama de diversidade musical.