Rebeca Andrade se torna a primeira mulher brasileira a ganhar o Laureus

Ginasta recebe o troféu de 'retorno do ano' na premiação que é considerada o Oscar do esporte

Maior medalhista olímpica do Brasil, a ginasta Rebeca Andrade, 25, tornou-se a primeira mulher do país a vencer o prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte.

A vitória foi anunciada em uma cerimônia em Madri, na Espanha, que reuniu grandes nomes do esporte mundial de diferentes gerações nesta segunda-feira (21).

A paulista venceu na categoria “retorno do ano”, que reconhece atletas que conseguiram voltar ao alto desempenho após adversidades. Rebeca passou por três cirurgias no joelho para reconstruir o ligamento cruzado anterior, o que não a impediu de levar quatro medalhas nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris: ouro no solo, prata no individual geral e no salto, e bronze por equipes.

“Eu me sinto muito feliz e honrada por receber o meu primeiro Laureus. Eu me sinto muito orgulhosa e agradecida pela família que eu tenho, que sempre acredita em mim, mesmo em momentos em que eu não acreditei”, disse.

A ginasta voltou a agradecer também à psicóloga Aline Wolff, que a acompanha há vários anos e estava na plateia em Madri. “Ela é muito importante para mim e foi uma peça fundamental para que o mundo pudesse me conhecer —não só a atleta, mas a Rebeca pessoa também”, acrescentou.

A láurea foi entregue pelos ex-jogadores de futebol Cafu, capitão da seleção brasileira que conquistou o pentacampeonato mundial em 2002, e Luís Figo, nome histórico da seleção portuguesa.

A brasileira levou a melhor sobre cinco atletas também com impressionantes histórias de superação: o nadador americano Caeleb Dressel, que conquistou dois ouros olímpicos após um afastamento para tratar sua saúde mental; a esquiadora suíça Laura Gut-Behrami, que venceu uma Copa do Mundo oito anos depois da primeira; o motociclista espanhol Marc Márquez, que voltou a vencer grandes prêmios depois de uma grave lesão; o jogador de críquete indiano Rishabh Pant, que retornou aos campos 629 dias após um sério acidente; e a nadadora australiana Ariarne Titmus, que defendeu o ouro olímpico nos 400 me livre menos de um ano após o diagnóstico de um tumor no ovário.

Antes de Rebeca Andrade, Ronaldo Fenômeno venceu na categoria “retorno do ano” em 2003.

Na edição inaugural do Laureus, em 2000, Pelé ganhou uma estatueta especial por suas realizações e seu legado no futebol. O brasileiro foi o grande homenageado da cerimônia, com a premiação anunciada por Nelson Mandela, que havia acabado de finalizar seu histórico mandato como presidente da África do Sul, Nelson Mandela.

O nadador Daniel Dias é o maior vencedor brasileiro do Oscar do esporte, acumulando três vitórias —2009, 2013 e 2016—, todas na categoria “esportista com deficiência”.

A lista de brasileiros vencedores do Laureus tem ainda o skatista Bob Burnquist, na categoria “melhor atleta nos esportes de ação” em 2002, e o ex-jogador de futebol Raí, em 2012, no segmento “esporte para o bem”, que contempla iniciativas de impacto social.

Maior concorrente de Rebeca Andrade no esporte, a ginasta americana Simone Biles, 28, levou pela quarta vez o troféu de “esportista feminina do ano”. Com o resultado, a atleta igualou o recorde da tenista Serena Williams, também norte-americana. E, gentil, fez questão novamente de elogiar a adversária brasileira.

“Eu acho que a Rebeca provavelmente vai ser melhor do que eu em algum momento. O Brasil tem muita, muita sorte por tê-la. E a ginástica é ainda mais sortuda. Ela é uma fofa. Estou muito feliz por ser competidora e amiga dela”, disse a norte-americana, que desconversou sobre a possibilidade de voltar a competir nos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles.

“Neste momento, eu ainda estou focada em me recuperar física e mentalmente, porque participar das Olimpíadas acaba pesando muito no corpo. Estou realmente aproveitando esse tempo de folga antes de decidir se quero voltar à ginástica e competir”, acrescentou.

Recordista mundial do salto com vara, Armand “Mondo” Duplantis, 25, levou o prêmio de “esportista masculino do ano”. Em 2024, o sueco foi campeão de sua prova no Mundial indoor e nos Jogos de Paris, além de ter quebrado três vezes o próprio recorde mundial.

O troféu foi entregue a ele pelo vencedor do ano anterior, o tenista Novak Djokovic.

Anfitriã da festa em 2025, a Espanha teve representantes em sete das oito categorias, incluindo nas duas principais: “esportista masculino do ano”, com o tenista Carlos Alcaraz, e “esportista feminina do ano”, com a jogadora de futebol Aitana Bonmatí, que havia vencido no ano anterior.

O país ibérico dominou a categoria “equipe do ano”, tendo três entre as seis indicações: o time feminino do Barcelona, vencedor da Liga dos Campeões, do Campeonato Espanhol e da Copa da Rainha; a seleção masculina de futebol, que se tornou a equipe mais bem-sucedida da história da Eurocopa, com quatro títulos; e o time masculino do Real Madrid, vencedor da Liga dos Campeões, do Campeonato Espanhol e da Supercopa da Espanha.

O Real Madrid, que conta com os brasileiros Éder Militão, Rodrygo e Vinicius Junior, levou a estatueta.

A Espanha venceu ainda na categoria “revelação do ano”, com o jogador Lamine Yamal, de 17 anos. Com a seleção da Espanha, o jovem conquistou a Eurocopa 2024 e foi eleito o melhor jovem jogador do torneio, faturando também o prêmio Kopa na Bola de Ouro, dado ao melhor jogador sub-21 do mundo.

Outro espanhol, o tenista Rafael Nadal, que em 2024 encerrou uma das carreiras mais brilhantes da história do tênis, recebeu uma estatueta especial de “ícone do esporte”.

O norte-americano Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial de surfe, levou outro prêmio especial, o de “contribuição vitalícia”.

A categoria de “esportes de ação” foi conquistada pelo ciclista belga Tom Pidcock, vencedor da prova de mountain bike nos Jogos Olímpicos de Paris, mesmo tendo enfrentado um furo no pneu, e uma troca de roda. A triunfo foi obtido com uma ultrapassagem ousada sobre o favorito francês Victor Koretzky.

A chinesa Jiang Yuyan, estrela paralímpica da natação, levou o prêmio de “esportista com deficiência”. A jovem conquistou sete ouros em sete provas nos Jogos Olímpicos de 2024.

O vencedor do prêmio “esporte para o bem”, que reconhece projetos sociais, foi a iniciativa Kick4Life, que usa o futebol para apoiar crianças e jovens em situação de risco no Lesoto, promovendo educação em saúde, desenvolvimento de habilidades de vida, equidade de gênero e empregabilidade.

Confira a lista completa dos vencedores do Laureus 2025

Esportista masculino do ano: Armand “Mondo” Duplantis
Esportista feminina do ano: Simone Biles
Equipe do ano: Real Madrid
Revelação do ano: Lamine Yamal
Retorno do ano: Rebeca Andrade
Atleta com deficiência do ano: Jiang Yuyan
Atleta de esportes de ação do ano: Tom Pidcock
Prêmio Sport for Good: Kick4Life
Ícone do esporte: Rafael Nadal
Contribuição vitalícia: Kelly Slater

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