‘Não queremos revanche’, diz Falcão ao defender que se julgue mensalão do PSDB
Para presidente do PT, STF deve usar com os tucanos de Minas Gerais o mesmo tratamento dado aos petistas
Ricardo Galhardo
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se manifestou pela primeira vez hoje de uma forma aprofundada sobre o julgamento do mensalão. Ele fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, não quer os tucanos envolvidos no mensalão mineiro do PSDB sejam julgados da mesma forma que forram julgados os petistas.
“Não queremos uma revanche. Não quero que julguem o mensalão tucano do mesmo modo que foi julgada a ação penal 470 (a ação do mensalão). O que nós queremos é que o Supremo julgue com base nos autos e garantindo a presunção de inocência e o direito de defesa”, afirmou o presidente do partido.
Na quinta-feira, o PT vai divulgar um manifesto a respeito do julgamento. O texto, que teve a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai pautar a reação política do partido às condenações de lideranças históricas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino e deve conter críticas contundentes à forma como o caso foi tratado pelo Supremo e à repercussão que isso pode ter para o restante da sociedade em julgamentos futuros em todas as esferas do Judiciário.
Segundo Rui Falcão, um dos pontos da agenda do PT para o ano que vem é a criação de um marco regulatório da mídia que, segundo ele, não vai ser por cabresto, mas, pelo contrário, vai ampliar a liberdade de expressão. Falcão disse que se reuniu recentemente com um alto executivo das Organizações Globo e encontrou um primeiro ponto em comum para o debate que seria a proibição de que políticos tenham concessões de rádio e TV.
Ainda de acordo com o petista, a discussão deve acontecer no Congresso. O partido não vai tomar a iniciativa porque defende que o projeto deve partir do Executivo, ou seja da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, Falcão disse que ainda não conversou com a presidente sobre o assunto. Ele lembrou que Lula, quando estava no governo, tinha um projeto do ex-ministro Franklin Martins, mas que foi engavetado. Ainda de acordo com o presidente do PT, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, elabora outra proposta do gênero, mas esse é um ponto de divergência entre o PT e o governo.
Num balanço prévio das eleições, Falcão avaliou que a oposição saiu enfraquecida das urnas, mas alertou que hoje existe uma outra oposição ao PT e disse que a oposição mais forte não é partidária. “O resultado enfraquece a oposição partidária, a oposição parlamentar, mas existe ainda uma outra oposição que não é a partidária”, afirmou. Questionado se a oposição estaria na mídia, ele não quis responder.
Fonte: Viomundo