SANTO ANDRÉ: Questão de raça

Fonte: Diário do Grande ABC –

 

O Sesc Santo André homenageia o mês da Consciência Negra com programação especial do projeto “Batuque na Cozinha: Negro é Resistência“. A apresentação conta com shows, dança, gastronomia, artesanato, exposição e exibição de filmes.

 

“O que procuramos, prioritariamente, foi contemplar os diversos tipos de linguagens artísticas e culturais africanas. Mostrar o patrimônio diversificado que a cultura afro-brasileira solidificou aqui. Com destaque do ponto de vista da resistência, com a criação de raízes apesar da opressão e das dificuldades que os negros passaram desde o período de colonização”, conta Diogo de Moraes, da equipe de programação do Sesc Santo André.

 

Já está aberta à visitação a mostra fotográfica Como Salvar a Ilha de Moçambique, Patrimônio Cultural da Humanidade. Com exposição de 63 fotografias, além de reunir mapas e cartazes explicativos sobre a ilha, a exibição do vídeo Muhipiti faz parte do especial. A exposição itinerante já esteve na Academia Brasileira de Letras, no Rio, e passou pelo Nordeste, além de já ter sido levada para a Europa. Em São Paulo, o Sesc Santo André é o primeiro local a recebê-la.

 

Os trabalhos artísticos foram realizados pela ONG Círculo das Mulheres da Ilha de Moçambique e soam como um pedido de socorro da ilha. “Os trabalhos começaram num período pós-guerra e dialogam, no âmbito cultural, humanitário e de preservação de patrimônio, com a tentativa de chamar atenção do poder público e das pessoas para conhecer e colaborar na preservação da região”, diz o africano Carlos Pinto de Magalhães, curador da exposição.

 

Até o fim do mês, estão programados shows, entre eles dos grupos Nhocuné Soul (dia 14, às 17h) e Sandália de Prata (20, às 17h), e dos cantores Dudu Nobre (27, às 21h), Simoninha e Max de Castro (28, às 21h).

Todos os eventos são gratuitos, com exceção dos shows de Dudu Nobre e Simoninha e Max de Castro, que custam R$ 20 (meia R$ 10).

 

MAIS INGREDIENTES – Destaque também para a exibição do documentário Atlântico Negro: Na Rota dos Orixás, no dia 11, às 20h. Segue à exibição debate e coffee break de comidas africanas. “O documentário lança um ponto de vista humano da relação entre o Brasil e a África. Nós, negros, viemos aos milhões para a América e depois de muita labuta e muitas histórias, temos ainda mais para contar”, completa Magalhães.

Outra sessão de cinema abre espaço para Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei (dia 28, às 14h) e Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá (29, às 16h30). Há também a exposição Fé e Resistência – A Indumentária Religiosa Afrobrasileira, que através de peças do acervo do Museu Afro Brasil, apresenta um panorama completo das religiões africanas que criaram raízes no Brasil, como umbanda e candomblé.

“A ideia do Batuque na Cozinha é pensar a manifestação artística como uma espécie de caldo, com que o público pode se alimentar. Aproximar o universo de composição do campo de fusão, como a gente vê na preparação de um alimento. As misturas de ingredientes, o acréscimo de temperos trazem o surgimento de novos trabalhos”, completa Moraes.

 

SERVIÇO:


Shows gratuitos: Nhocuné Soul (dia 14, às 17h), Sandália de Prata (dia 20, às 17h). Shows pagos: Dudu Nobre (dia 27, às 21h) e “Simoninha e Max de Castro – Baile Simonal”. Ingr.: R$ 20 (meia R$ 10).

Cultura Popular: Treme Terra (dia 21, às 17h), Samba Lenço de Mauá (dia 22, às 16h), Roda de Capoeira (dia 29, às 13h e às 14h30).

Contação de histórias: “Yemanjá e Oxuns” (dia 14, às 16h), “Como Ayê se Separou de Orum” (dia 20, às 16h), “Encontro Poético: Poesia Africana e Brasileira” (dia 21, às 16h) e “O Sopro Sagrado de Olorum e Rainha do Mar” (dia 28, às 16h). Grátis.

Cinema: “Batuque na Cozinha e Jorjão” (dia 7, às 14h), “A Negação do Brasil” (dia 15, às 16h30), “Simonal Ninguém Sabe o Duro que Dei” (dia 28, às 14h), “Encontro com Milton Santos” ou “O Mundo Global Visto do Lado de Cá” (dia 29, às 16h30). Grátis.

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