Saúde mental: apenas 5% dos brasileiros fazem terapia, aponta estudo

10/10/25
Agência Brasil, por João Barbosa
Neste 10 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental

A gente pensa que muitas vezes vai conseguir enfrentar tudo sozinho, que a gente precisa enfrentar tudo sozinho, mas não é verdade. Às vezes com a ajuda de um profissional, ali você entende mais do que que você está passando, dos gatilhos, você identifica os gatilhos“. A voz que acabou de ouvir é do estudante de programação Júlio César Brito, que faz psicoterapia para cuidar de sua saúde mental. Mas esse tema ainda é um tabu no Brasil, e apenas uma parcela mínima da população brasileira faz acompanhamento com profissional.

Um estudo publicado em 2023 pelo Instituto Cactus, entidade ligada à promoção do bem-estar psíquico, revela que apenas 5% dos brasileiros fazem terapia. No Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado neste 10 de outubro, é lançado um alerta sobre a necessidade de estar saudável também nesse aspecto.

Para a professora do Instituto de Psicologia da UERJ, Edna Ponciano, há uma questão cultural de desvalorização do conhecimento psicológico. “Desvaloriza no sentido de que atribui a uma necessidade de ajuda psicológica somente diante de um transtorno mental identificado, o que no senso comum se chamaria de uma loucura”.

A OMS, Organização Mundial da Saúde, explica que a saúde mental não se limita apenas aos cuidados psicológicos. O tema inclui pontos fundamentais, como saúde física, apoio social e condições de vida. E com a intensidade da rotina moderna, a sensação de que o tempo está passando muito rápido, e o acúmulo de afazeres, é normal a pessoa desenvolver algum nível de estresse e de informação no cérebro.

Estes estímulos são sentidos pelo corpo, que começa a emitir alguns alertas. A psicóloga Carla Tavares explica alguns sinais que podem indicar esse esgotamento:

“O cansaço constante; falta de motivação, coisas que antes te davam prazer e começam a não te dar mais; alteração de humor; palpitação no peito; tensão muscular; problemas digestivos; isolamento social; uma sensação de sobrecarga e impotência”.

Nesse caso, o autoconhecimento do corpo e das emoções é fundamental e uma prática constante de aprendizado. E nem sempre o que faz sentido para uma pessoa, faz para outra. E aí vem um alerta. A professora Edna Ponciano chama a atenção com o conteúdo que chega por meio das redes sociais. Ela dá algumas dicas de blindagem contra a desinformação:

“É sempre você diante daquela informação, fazendo esse trabalho de checagem, de reflexão. Se isso faz sentido pra mim. É preciso identificar quem está falando e que formação tem. Eu desconfiaria também das mensagens muito rápidas, das frases de efeito. Então, a gente tem que ter essa parada reflexiva diante dessas inúmeras informações que chegam até nós”.

Lembre-se: você não está sozinho. Caso queira, o SUS oferece atendimento psicossocial gratuito por meio da Rede de Atenção Psicossocial, disponível em qualquer Unidade Básica de Saúde. E se sentir que nada mais está fazendo sentido, ligue para o número 188, do Centro de Valorização da Vida (CVV), onde receberá o apoio que precisa.

Compartilhar