Seminário: Como a ditadura moldou o Brasil contemporâneo

enviado por Andre Roschel, via e-mail

O golpe brasileiro ainda não foi suficientemente acusado. O Brasil é o único país sul-americano onde torturadores nunca foram condenados. Não houve justiça de transição.

Em 2008, passados 20 anos da promulgação da Constituição vigente, pesquisadores reuniram-se na USP com o objetivo de discutir as heranças autoritárias deixadas pelo regime civil-militar de 1964. A pergunta que se formulou na ocasião e que batizaria o livro dela decorrente, “O que resta da ditadura?”, ensejou que fossem postas em questão as formas encontradas pela ditadura para permanecer em nossa estrutura jurídica, nas práticas políticas, na violência cotidiana e em nossos traumas sociais.

Seis anos se passaram, mas a questão não só permanece como se coloca de maneira mais urgente. O fato, entretanto, não se deve à mera proximidade da data histórica em que o golpe completa 50 anos. Por um lado, assistimos nesse entretempo a repugnante intensificação da violência de Estado, que, se jamais foi completamente extinta, tornou-se escancarada pela resposta dada às manifestações populares que tomaram as ruas desde junho. Por outro, tomaram corpo desde então, como prova a proliferação de Comissões da Verdade em diversas instituições brasileiras, esforços notáveis em revolver o solo de brutalidade política em que se assenta nossa experiência contemporânea.

Unindo-se a esses esforços, o Centro Acadêmico de Filosofia da USP, com apoio da Boitempo Editorial, propõe outra ocasião para pensar sobre esse engodo de transição em que nos metemos desde que os militares saíram do poder. Trata-se do seminário “50 anos do golpe: legados da Ditadura que moldaram o Brasil contemporâneo”. Além do ciclo de debates que, às quintas-feiras, reunirá diferentes perspectivas de pesquisadores, ativistas, cineastas e estudantes envolvidos com a questão, serão exibidos, na véspera, filmes que antecipam o tema da mesa do dia seguinte.

DEBATES

27 FEV |

A repressão na cidade e no campo: os trabalhos da Comissão da Verdade com Ivan Seixas (Comissão Estadual da Verdade), Tatiana Merlino (Comissão Nacional da Verdade – CNV) e Larissa Bombardi (USP/CNV)

6 MAR |

Transição e justiça com Fábio Venturini (PUC) e Edson Teles (Unifesp)

13 MAR |

O empresariado e a ditadura (quem encomendou o serviço) com Maria Aparecida de Paula Rago (PUC), Rodolfo Machado (PUC/CNV) e Projeto Memória da Oposição Metalúrgica de SP

20 MAR |

Partidos políticos e transição na América Latina com Lincoln Secco (USP) e Osvaldo Coggiola (USP)

27 MAR |

Cinema e transição com Rubens Machado (USP), Rubens Rewald (USP), Rossana Foglia e Thiago Mendonça (Cordão da Mentira/Coletivo Zagaia)

3 ABR |

A atualidada da violência de Estado: uma transição desenhada para não terminar com Paulo Arantes, Dario de Negreiros (Margens Clínicas), MPL, MTST, Mães de Maio e Metroviários + Lançamento do livro O que resta da transição, org. de Milton Pinheiro, pela editora Boitempo.

MOSTRA DE FILMES

26 FEV |

Você também pode dar um presunto legal, de Sérgio Muniz [1971, 39 min.]

Brazil, a Report on Torture,de Saul Landau & Haskell Wexler [1971, 60 min.]

12 MAR |

Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski [2009, 93 min.]

19 MAR |

Rua Santa Fé, de Carmen Castillo [Chile, 2007, 163 min]

26 MAR |

Corpo, de Rossana Foglia e Rubens Rewald [2007, 90 min.]

Blablablá, de Andrea Tonacci [1968, 32 min.]

2 ABR |

Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós [2014, 90 min.]

Ninjas, de Dennison Ramalho [2010, 25 min.]

Fonte: Viomundo

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