Seppir e Ministério do Esporte preparam campanha antirracista para a Copa do Mundo

por Isabela Vieira

Preocupada com as cenas de racismo ocorridas recentemente no futebol internacional, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse na terça-feira (4) que negocia com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e com o Ministério do Esporte a realização de campanhas de combate à prática discriminatória durante a Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil.

“A CBF aceitou essa ideia com bastante alegria porque já é um trabalho feito pela Fifa [Federação Internacional de Futebol] na Europa. Portanto, teremos toda a possibilidade de reproduzir”, declarou Luiza sobre a campanha, durante entrevista à imprensa no seminário Empreendedorismo e Igualdade Racial em Grandes Eventos Esportivos, realizado no Rio de Janeiro.

A ministra explicou que o “desdobramento” da campanha depende de “mais conversas” com a CBF e do envolvimento dos patrocinadores do Mundial. Caso a proposta seja aprovada, ela defende uma campanha com foco no racismo dentro e fora dos campos. “Se no futebol os negros são motivo de orgulho nacional, devemos ter a participação deles em todos os setores”, afirmou.

O assessor especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, que participou do evento com a ministra, disse que a campanha antirracista deve ser feita às vésperas dos jogos, com o provável apoio da Fifa. Segundo ele, a organização exige “jogo limpo em todos os sentidos” e já pune clubes no caso de demonstrações de racismo por parte dos torcedores.

“Na África do Sul, antes dos jogos da última Copa, os capitães falavam de práticas limpas e coibiam o racismo. Essa é uma preocupação comum: da Fifa e do Brasil”, declarou o assessor.

Na Europa, onde torcedores já chegaram a arremessar bananas em jogadores, a Confederação de Futebol Europeia (Uefa) lança no próximo dia 17 uma campanha antirracista. A ideia é realizar, durante uma semana, atividades para conscientizar atletas, dirigentes e fãs, em 40 países, com apoio da Rede Europeia contra o Racismo (Fare), que promove ações semelhantes desde 2001.

No Brasil, não há registro da realização de campanhas semelhantes, segundo informações da CBF. O movimento negro, entretanto, está atento às competições regulares e à Copa. O Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (Cedine) do Rio defende que a Lei Caó (que tipifica o racismo como crime inafiançável) seja usada inclusive para os estrangeiros, se necessário.

“A sociedade civil será uma espécie de olhos, ouvidos e boca desse segmento [dos negros] por meio de várias entidades no Brasil”, afirmou o presidente do Cedine Rio, Paulo Roberto Costa.

Fonte: Jornal do Brasil

+ sobre o tema

Pedagogia de afirmação indígena: percorrendo o território Mura

O território Mura que percorro com a pedagogia da...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas,...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde...

Apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe

Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 22%...

para lembrar

Procuradora aceita denúncia de partido contra Bolsonaro e direção da Hebraica do Rio

Procuradora aceita denúncia de partido contra Bolsonaro e direção...

Seminário Respostas ao Racismo

 Respostas ao Racismo Produção acadêmica e compromisso político em tempos...

Policial que descobriu ser negro aos 47 anos e sofre comentários racistas de seus colegas

Um sargento da polícia de Hastings (Michigan) pede meio...
spot_imgspot_img

Quanto custa a dignidade humana de vítimas em casos de racismo?

Quanto custa a dignidade de uma pessoa? E se essa pessoa for uma mulher jovem? E se for uma mulher idosa com 85 anos...

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...
-+=