Serra: OS DILEMAS DE UM CANDIDATO.

Por: Francklin

Diz os grandes pensadores que a verdadeira democracia não é aquela composta apenas por partidos políticos e por realização de eleições. Para que a democracia seja exercitada é preciso que a oposição também tenha possibilidades de ganhar.

Diante desta afirmativa, fica uma dúvida: será então que no Brasil existe realmente democracia? Pois temos a 08 anos um partido no Poder e nas próximas eleições, a única oposição capaz de ascender ao Poder é a mesma, que antecedeu o atual partido. Será isto realmente dar oportunidades aos opositores? Será que não estamos diante de uma situação plebiscitária, onde a população é apenas dada o poder de decidir se quer a continuidade do que aí está, ou optar pelo retorno à política da privatização, de perseguição ao servidor público, do sucateamento do Estado em favor da terceirização?

Dizem os analistas que o candidato José Serra tem muita experiência, é um grande líder. Diante desta expectativa, o que ele no governo, cujo passado recente não foi aquilo que o povo sonhou irá fazer? Como agirá ele diante das políticas que se mostraram bem-sucedidas no governo Lula? Terá a capacidade de formular algo que diferencie e que não o aproxime da política antinacionalista de FHC?

E se eleito Serra se transformar em um blefe? E não será impossível isto acontecer, pois desde 82 ele é apresentado como um grande idealista, um planejador, representante maior da FIESP, tanto o é que foi secretário de Planejamento de São Paulo e do governo FHC, até ser convocado para assumir a Saúde. Até recentemente era governador de São Paulo. Qual a avaliação dele? Como tem se saído como administrador? Apesar de Ministro de Planejamento de FHC até hoje não quer ser associado à política econômica da era PSDB. Como se omitir se fazia parte da equipe?

E a candidata da situação, como realmente se sairá. Dizem que é durona, rigorosa e exigente. Será que é pecado, não ter experiência em mandato eletivo, como afirmam os seus críticos? Será que ela já deu mostras de sua capacidade? Será que também poderá se transformar em um blefe como administradora?

O que poderá emergir das urnas, em outubro, trará preocupação para a população? Será que o PMDB sairá mais uma vez fortalecido a ponto de comprometer o poder da presidente, como atualmente vem acontecendo? E as demais siglas, o que ocorrerá?

Será que estamos correndo o risco de vermos o País se transformar na era lulista, cujo personalismo sempre foi combatido pelos partidos chamados avançados? E que papel assumirá o PSDB, um partido circunscrito a São Paulo, enquanto a direita passa por um processo de radicalização semelhante ao dos republicanos nos Estados Unidos?

Estas são perguntas que só o futuro irá responder, mas este futuro caberá a nós no presente construí-lo.

Hoje temos uma classe média cada vez igualada por baixo, perdendo seus valores, referencias e direitos, espremida entre uma minoria elitista e uma grande massa de desempregados e ou amparados pelos programas sociais do governo, o que poderá gerar instabilidade futura ao sentirem na carne os efeitos das perdas dos direitos. Os pobres estão satisfeitos e os ricaços também, mas e a classe média será que esta?

A oposição, aqui representada pela direita, hoje se encontra sem discurso político, diante de administrações estaduais fracassadas, como a do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasilia, entre outras, e esta falta de perspectiva cria um vácuo para o radicalismo. Quando falamos de radicalismo, este se dá através das duas faces da moeda: direita e esquerda.

Todos sabem que José Serra não é o candidato dos sonhos da direita. Ele é um democrata com trânsito na esquerda. É meio estatizante e adepto de uma política tarifária protecionista, entre outras políticas que o aproxima de Lula, diferente das posições da direita de Demóstenes Torres, Ronaldo Caiado, Sergio Guerra,Geraldo Alckmin, FHC, entre outros.

Qual Dilma teve a experiência da perseguição política, da ditadura, do exílio. Interessante observarmos, que os nossos dois principais candidatos á presidência correram o risco de ser assassinados pela direita que hoje apóia Serra.

Porém, quem enfrenta mais dificuldades é José Serra. Enquanto Dilma pode sair pelo Brasil afora elogiando o Governo Lula, inclusive se dizer partícipe deste governo, Serra está diante de um impasse. Não pode elogiar Fernando Henrique e não pode atacar Lula. Como se sairá diante deste dilema? Será que na campanha, vai prometer a continuidade dos programas do PT, tão combatido pelo seu partido e aliados? Será que irá referendar os disparates falado pelo presidente do seu partido, o dep. Sérgio Guerra quando disse que o PSDB faria tudo diferente, que Serra no Poder iria mexer no câmbio e nos juros e no PAC?

Aí está a grande vantagem de Dilma. Pois poderá se vangloriar de que ela é co-participante desta política que vem dando certo e tirando os miseráveis da sarjeta. Ela poderá dizer que colaborou para que o País atravessasse de forma firme e segura crise financeira mundial. Afinal, ela pode dizer que irá dar continuidade aos Programas do Governo Lula que deram certo e avançar.

Fonte: Palavra Sá

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