Por: Thiago Faria
Grupo ligado a Gilberto Kassab reclama de falta de espaço no diretório municipal
Sete dos treze vereadores tucanos de São Paulo anunciaram nesta segunda-feira (18) que irão deixar o PSDB por conta de desentendimentos com a direção municipal da sigla. O destino mais provável da maioria deles é o PSD, partido lançado pelo prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, mas que ainda não foi oficializado.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva na tarde de hoje na Câmara Municipal e contou com a participação de cinco dos dissidentes: Gilberto Natalini, Dalton Silvano, José Police Neto, Juscelino Gadelha e Ricardo Teixeira. Outros dois vereadores, Adolfo Quintas e Souza Santos, não participaram da entrevista, mas também deixarão a legenda, segundo Natalini, porta-voz do grupo.
– Não sabemos o destino partidário de cada um no momento. Nossa decisão é pelo desligamento do PSDB.
Com a debandada, os tucanos deixam de ter a maior bancada no Legislativo municipal. O PT, com 11 vereadores, passa a ser maioria na Casa. Apesar disso, Kassab continua a ter o apoio da maior parte dos vereadores.
Segundo Natalini, o motivo da saída do grupo é a falta de espaço no partido, que no início do mês escolheu o secretário estadual Julio Semeghini como seu novo presidente.
– O motivo é a exclusão do processo partidário. […] Nós temos motivos para sair, não estamos saindo de alegres.
O grupo reivindicava mais espaço na nova direção municpal, que deve influenciar diretamente na escolha do candidato tucano na eleição para a Prefeitura de São Paulo no ano que vem. Preteridos, o grupo reclama que há dois anos é alvo de ataques por uma ala do partido ligada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). O motivo do racha no PSDB foi o apoio de alguns vereadores à candidatura de Gilberto Kassab à reeleição em 2008, que disputou o cargo com o próprio Alckmin. Na época, Kassab fazia parte do DEM.
O estopim da crise teria sido um vídeo em que aliados de Alckmin ofendem o grupo de vereadores durante uma reunião interna. Apesar de não terem participado do encontro, as imagens foram gravadas pelo circuito interno da Câmara e caíram nas mãos dos vereadores. Natalini, um dos fundadores do PSDB em São Paulo, diz que, depois disso, a relação entre os dois grupos ficou insustentável.
– Temos sido sistematicamente ofendidos, desrespeitados. Um destrato acima da nossa capacidade de suportar. Varias foram as agressões.
Nenhum do grupo confirmou se vai mesmo aderir ao novo partido de Kassab e, segundo Natalini, vários partidos já os convidaram.
– O único partido que não cobiçou a gente é o nosso mesmo.
Os vereadores sinalizaram que o vídeo, não divulgados por eles, pode ser usado no caso de o PSDB reivindicar judicialmente os mandatos. Pela regra de fidelidade partidária, o político pode trocar de partido caso alegue perseguição na legenda a qual pertence.
Fonte: R7