Só existe 1 motivo para você assistir a ‘Esquadrão Suicida’: Viola Davis

Esquadrão Suicida está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil. O filme, que traz para as telonas os sórdidos vilões da DC Comics, chega ao público cercado de expectativa e já soterrado de críticas negativas.

Por Amauri Terto Do Brasil Post

A crítica internacional foi impiedosa. No site especializado Rotten Tomatoes,Esquadrão Suicida amarga uma avaliação de 26% numa escala que vai até 100. Arevista The Hollywood Reporter, por exemplo, foi categórica:

“Um esforço confuso que nunca se torna tão divertido quanto promete ser,Esquadrão Suicida nos apresenta a uma galeria curiosa de vilões e em seguida não faz nada de interessante com eles.”

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Pois é. Infelizmente, a produção que tinha tudo para ser incrível derrapa. E não derrapa pouco.

A história do filme é a seguinte: o governo americano é convencido pela agente Amanda Waller (Viola Davis) a formar um esquadrão com os maiores criminosos do planeta para combater inimigos com forças sobrenaturais.

O espectador é apresentado então ao time de personagens mentalmente instáveis: Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), Diablo (Jay Hernandez) e Bumerangue (Jai Courtney). O braço direito de Amanda, o militar Rick Flag (Joel Kinnaman), aparece na sequência.

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A primeira derrapagem se dá logo nesse início. A apresentação dos vilões se dá em tom de clipe musical, fazendo uso de flashbacks. Mas o que poderia ser esclarecedor para o espectador menos íntimo do universo da DC, acaba resultando em algoapressado e confuso.

Orquestrar um time de vilões como esse – mantendo o equilíbrio de personagens em cena – é certamente uma tarefa árdua. Mas o que ocorre no filme dirigido e roteirizado por David Ayer (Corações de Ferro) não pode ser ignorado.

Dos cinco vilões, ao final da história apenas dois permanecem na memória: Will Smith, no papel do assassino de aluguel que jamais errou um tiro, e Margot Robbie, na pele da psicopata atormentada – vítima de um relacionamento abusivo com Coringa.

Apesar de um dos destaques positivos (pode-se dizer até que ela é um alívio cômico), Arlequina é protagonista de outra derrapagem do filme – que ultrapassa a discussão sobre cinema e parte para a questão comportamental. A namorada e ajudante de Coringa é hipersexualizada na trama. Isso significa você verá uma porção de cenas cujo o objetivo principal é mostrar o corpo de Margot – mais especificamente o seu bumbum.

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Por falar em Coringa, é ele quem encerra essa lista de falhas de Esquadrão Suicida(que poderia ser mais longa, diga-se de passagem). A participação do icônico vilão do universo Batman é de decepcionar o mais otimista dos fãs.

Você deve recordar. Foram muitas as histórias de bastidores, entrevistas e frames de trailers prometendo uma interpretação notável de Jared Leto. Mas o que se vê na tela é, digamos, uma participação de Coringa. Juntando todas as aparições do psicopata, temos cerca de 15 minutos em um produção de 2 horas. Ele está lá apenas para explicar a origem da insanidade de Arlequina, sua ex-psiquiatra. Mas no final das contas, ela se mostra mais interessante sem a companhia do vilão.

Mas Esquadrão Suicida não é só derrapagem.

Há um grande acerto no filme David Ayers. E ele atende pelo nome de Viola Davis. Se existe algo unânime entre fãs da DC e críticos de cinema sobre este Esquadrão Suicida é que a atriz brilha acima da média.

Sua Amanda Waller é ameaçadora, amoral e implacável. “Você interpreta uma das personagens de mente mais forte que eu já vi em um filme. É uma performance incrível”, disse o diretor a atriz dias atrás. E não há como discordar dessa última afirmação. A personagem impõe respeito sobre os vilões fortes e brutos uma naturalidade alcançada somente por grandes atrizes.

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E se cabe um parentese nesta análise, uma cena curta protagonizada por Viola traz uma mensagem poderosa de empoderamento feminino e representatividade negra na mídia que, por si só, já vale o ingresso. Depois de reunir os vilões para explicar-lhes detalhes de sua grande missão, o miltar Rick Flag aponta uma tela para todos e fala: “Ouçam a voz de Deus”.

Ou seja, Deus é uma mulher negra!

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