Suspeito de matar estudante angolana é preso em São Paulo

Professor universitário congolês considera positiva a identificação do suspeito, mas alerta que este não é um caso isolado.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo realizou a prisão do suspeito de ser o responsável pela morte da estudante angolana Zulmira de Souza Borges. A informação foi confirmada pelo advogado da família da vítima, em entrevista à agência de notícias Afropress.

No dia 22 de maio, Zulmira e outros três amigos, também angolanos, foram alvejados por disparos de arma de fogo. Entre as vítimas, havia uma grávida – que deu à luz dias depois.

O acusado José Marcelo de Vasconcelos foi abordado por policiais na última quarta-feira (11) enquanto caminhava nas proximidades do bar onde ocorreu o crime, no bairro paulistano do Brás.

O professor universitário congolês Bas’ilele Malomalo, considera positiva a identificação do suspeito, mas alerta que este não é um caso isolado.

“Não é só o caso da Zulmira. Nós estamos percebendo que começou a emergir certa xenofobia contra os africanos. Começou a emergir ou se radicalizar o racismo. Esse racismo que existe contra a população negra brasileira é transferido para os africanos. Isso porque a nossa cor de pele não permite estabelecer diferenças entre brasileiros e africanos.”

O governo federal não possui estatísticas oficiais sobre a quantidade de imigrantes em situação irregular no Brasil. No entanto, organizações que atendem pessoas nessas condições estimam que o número possa chegar a 600 mil pessoas. Segundo o Ministério da Justiça, 1,4 milhão de estrangeiros possuíam autorização para viver no país em 2011.

Atendendo a reivindicações de organizações sociais, o Conselho Nacional de Imigração realiza um encontro nesta sexta-feira (11), na cidade de São Paulo. O objetivo é discutir propostas de políticas públicas específicas para imigrantes. Além de representantes de diversas nacionalidades, está prevista a participação de integrantes do Ministério da Justiça e da Secretaria especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

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