Troféu Fuzil de Ouro: No Mês da Consciência Negra, Rui Costa receberá o troféu do grupo Reaja ou será MortX. É o luto contra o “Pacto da Morte Negra”.

A Mamapress recebeu do movimento “Reaja ou Será Morto, Reaja ou será Morta”, a Nota Pública dirigida ao governo da Bahia e considera:

No Mamapress

Que o descaso com que as autoridades do país tratam os movimentos sociais no Brasil, ao não ouvi-los, quando denunciam os assassinatos e chacinas cometidas por policiais e milícias paramilitares nas periferias brasileiras, é uma das maiores causas da violência no País.

A morte de milhares de jovens assumiu caráter endêmico e a impunidade dos autores, gerou um clima de terror em praticamente todos os estados da nação.

Não serão medidas paliativas que irão estancar este sangramento nacional. Sem a vontade política dos governadores em ouvir toda a sociedade e, principalmente os parentes dos jovens assassinados e moradores das localidades em guerra. Só veremos aumentar a cada dia o número de jovens negros chacinados.

Associado ao destrato e descaso ao não ouvir as populações que pedem mudanças nesta política de matança racista, está a impunidade garantida aos algozes. O quadro é alarmante segundo o Mapa da Violência 2014:

Em 2002, a Bahia registrou 924 assassinatos de jovens negros. Dez anos depois, o número foi de 3.252, o que significa um aumento de 251,9% de jovens negros assassinados no estado. Já o número de homicídios dos jovens brancos na Bahia, em 2002 foi de 75 e em 2012, chegou a 227. Um aumento de 204,8%%. Segundo pesquisadores, os números apontados pelo Mapa da Violência 2014, divulgado no início do mês de novembro, evidenciam o genocídio da juventude negra.(nr)

Abaixo a íntegra da Nota Pública recebida por nós.

 

Nota Pública de Repúdio ao Governo da Bahia e seus Lacaios, Cúmplices do Pacto da Morte Negra e do Terrorismo desse Estado Racista de Direito Penal

“E qualquer desatenção, faça não. Pode ser a gota d’água.” C. B.

No dia 03 de novembro de 2015 o Núcleo de Familiares de Vítimas do Estado Racista Brasileiro, da Campanha Reaja, convocou uma audiência pública para tratar dos graves atos de intimidação, terror e morte em comunidades negras de Salvador e do Interior da Bahia, onde atuam os Núcleos Avançados de Luta da Campanha Reaja. Estavam presentes os representantes dos Familiares do Jovem Jakson Costa, morto e esquartejado em Itacaré, representantes de Amargosa, Feira de Santana, Ilhéus, representantes das vítimas da Polícia dos bairros soteropolitanos Fazenda Coutos, Valéria, Engenho Velho de Brotas, Periperi e São Cristovão, além dos familiares das vítimas do massacre do Cabula. Procedemos à protocolização de Convites na Sepromi – Secretaria de Promoção da Igualdade, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – Geraldo Reis, o assessor do Governador, Paulo Cezar Lisboa, o Ministério Público, a Organização Justiça Global e a Defensoria, essas ultimas presentes e solidarias com nossas demandas.

Como demonstração da desatenção, do descaso e da violência institucional do governo e sua incapacidade de dialogar com membros da Campanha Reaja, entre sua maioria Mães e Pais de jovens mortos pela política letal de segurança pública, todos os convocados, se fizeram ausentes, sem qualquer justificativa, demonstrando o total descaso com as vidas negras, respaldando as denúncias que foram colhidas pela Organização Justiça Global e pela Defensoria.
Abuso policial, tortura, desrespeito e criminalização das mulheres, execuções sumárias e extrajudiciais, racismo e terrorismo de servidores públicos de uma administração já largamente confessa em seus abusos contra a maioria da população, porém, que faz uso de seus ardis políticos e da propaganda com auxílio de religiosos, políticos, ativistas e capitães do mato negros que seguem fazendo o jogo do feitor.

Não nos causou espanto, mas revolta! Depararmos-nos com imagens e notícias no dia 04 de abril, com o anúncio de recursos vultosos para o Pacto Pela Vida, programa de segurança que desde o começo, ao contrário do que se imaginou nos círculos de “Igualdade Racial”, tem gerado mais mortes e terror nas comunidades negras.

Utilizando o capital cultural e simbólico dos negros e negras que, historicamente, sempre lutaram contra esse poder colonial da Bahia, o Estado ostenta a presença de líderes negros que continuamente tangenciam as dores e as desgraças que envolvem a comunidade por seus lucros pessoais. O lançamento e anúncio do programa na página da Sepromi foi uma segunda humilhação que o governo impôs aos familiares das vítimas que organizam e comandam a campanha Reaja . Como se isso não bastasse, divulgar fotos de pessoas sorridentes em comoventes místicas com policiais da Rondesp, entre os quais, os citados na ação penal que denunciou a tragédia do Cabula. Agora o governo ignora nossa dor e nosso direito às respostas sobre vários casos apresentados a essas secretarias, desde 2006, e nos impõe esse silêncio que pretende nos matar simbólica e politicamente, ignorando-nos, fingindo que nós não existimos.

O programa Pacto Pela Vida promete recursos para essas ONGs que não se respeitam, para que realizem cursinhos de direitos humanos, fomentem as invenções da moda, aprofundando o sequestro politico do mês da consciência negra. As camisas com o timbre do governo farão caminhadas “chapa branca” enquanto o sangue continua a escorrer nos locais onde moramos, ali mesmo local onde morremos sem que ninguém lamente.

Semelhante às combativas mulheres que lutam contra o terror de demolições e remoções engendradas por ACM Neto – face da mesma moeda de Rui Costa, nós da Reaja estamos nos preparando para ofertar a Rui Costa, num desses jantares e cafés da manhã que ele organizará em novembro, o Troféu Fuzil de Ouro. Com este troféu ele poderá ostentar em suas mãos a responsabilidade pelas mortes de tantas vidas negras e, ainda assim, ter amigos, seguidores e admiradores, entre as quais, pessoas que deveriam lutar contra isso.

Insistimos que essas Secretarias acima citadas , respondam aos chamados das famílias de vitimas e das comunidades atingidas pela violência da policia com seu terrorismo de Estado.

Não queremos mendigar cargo ou emprego , emenda parlamentar ou beneficio para nossos filhos e parentes num carguinho qualquer , queremos que eles respondam porque em 09 anos de incidência da Reaja , nenhuma questão suscitadas por nós foi atendida . encaminhada.

Se antes era a enganação , a conversa interminável e um mar de reunião agora é a desatenção com nossa dor. E as pessoas que se respeitam e que nos apoiam para além das redes sociais , Boicotem essas festas de um governo Genocida.

NOVEMBRO NEGRO DE LUTO, NOVEMBRO NEGRO DE LUTA.

+ sobre o tema

Shoppings mudam estratégia e tentam atrair adeptos do rolezinho

Por Wanderley Preite Sobrinho Associação de shoppings planeja evento cultural...

Grupos neonazistas proliferam na Alemanha diante política frouxa do governo e da polícia

A comissão parlamentar responsável por investigar os crimes...

A rua é a voz

por  Lelê Teles via Guest Post para o Portal...

Diretor de diversidade, o mais novo executivo de grandes empresas

Algumas companhias estão adicionando um novo executivo à sua...

para lembrar

Grupo de trabalho combate racismo

Jornal Ìrohin - Fonte: Diário Oficial - Pernambuco -     Com...

II Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro

A campanha reaja ou será morta/morto conclama, convoca e...

As mensagens enviadas pela campanha de uma ONG para localizar racistas. Por Cidinha da Silva

campanha “Racismo virtual, as consequências são reais”, da ONG...

Depois de polêmica, Urban Outffiters retira o termo “Navajo” de seus produtos

Depois da polêmica que a Urban Outffiters causou ao...
spot_imgspot_img

Massacre de Paraisópolis completa cinco anos sem punições

O Massacre de Paraisópolis completa cinco anos neste domingo (1º), sem a definição de uma pena para os responsáveis pela morte de nove jovens...

Lições de racismo

Lições de racismo não integram formalmente o currículo escolar, mas estão presentes na prática pedagógica nacional. Prova disso é que a escola costuma servir de palco...

Por um Moçambique mais igualitário

Ouvir uma antropóloga feminista moçambicana sobre os protestos em seu país me levou ao Brasil de 2013: demandas populares legítimas reprimidas violentamente pelo Estado e...
-+=