Um adeus a Léia, guerreira Kaiowá Guarani

Além do ataque em Caaparó (MS), a assembleia dos povos Guarani e Kaiowá sofreu mais uma grande perda

Por Felipe Milanez Do Carta Capital

O povo Kaiowá Guarani foi atacado brutalmente, nesta terça-feira 14, por pistoleiros e fazendeiros armados na Terra Indígena Dourados-Amambaí Peguá, em Caaparó (MS). O massacre resultou em uma morte e pelos menos quatro pessoas feridas gravemente. Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 23 anos, agente de saúde Kaiowá, foi morto por dois tiros, no local do ataque ruralista.

Notícias do massacre de Caaparó estão sendo divulgadas pelas redes sociais pela Aty Guasu, a grande assembleia dos povos Guarani e Kaiowá.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou que o ataque foi organizado – como as antigas correrias que promoviam genocídios – com cerca de 200 caminhonetes, motocicletas, cavalos e trator usados por pistoleiros, capangas e homens que chegaram atirando contra o acampamento em que os Guarani e Kaiowá estavam, na Fazenda Yvu, que invade a terra indígena.

Além da violência do genocídio promovida pelos fazendeiros, com os ataques físicos diretos, a Aty Guasu sofreu uma grande perda na semana passada, com o falecimento de Léia Aquino, vítima de um AVC.

Léia era professora, vivia em Ñanderu-Marangatu, Antonio João (MS), uma das áreas mais conflituosas do Mato Grosso do Sul e recebia constantes ameaças de morte de fazendeiros. Lideranças da Aty Guasu acreditam que é possível que as tensões tenham contribuído para o AVC de Léia. Ela tinha 48 anos.

Em agosto de 2015, ela liderou a ocupação do tekoha Ñanderu Marangatu, onde foi morto Simão Vilhalva. A Terra Indígena Ñanderu Marangatu está demarcada e homologada, mas segue invadida por fazendeiros, parada no Supremo Tribunal Federal.

Em novembro de 2011, foi assassinado num ataque de pistoleiros Nisio Gomes, no tekoha Guaiviry. Seu corpo foi levado pelos pistoleiros, jogado na caçamba de uma picape, e desapareceu.

Na semana seguinte do assassinato, a Aty Guasu organizou uma assembleia de lideranças, e Léia estava lá. Entrevistei uma série de lideranças para o documentário A Luta Guarani.

A pedido de lideranças da Aty Guasu, eu e o documentarista Paulo Padilha disponibilizamos no Youtube a íntegra da bela entrevista com Léia. “A gente pede o mínimo de terra que foi tirada da gente”, ela diz. “Eles tentaram acabar com os Guarani e Kaiowá, mas hoje é impossível”.

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