Universidades precisam ter autonomia e fazer o acompanhamento dos alunos

CIBELE YAHN DE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA 


A educação pode ser considerada, por um lado, como um dos principais mecanismos de mobilidade social. 
A efetividade deste depende essencialmente de que o acesso e o desempenho escolar não reproduzam as desigualdades em relação à renda familiar e à condição de raça e cor, entre outras que marcam a heterogeneidade da população brasileira. 
No entanto, o maior impacto da educação, sobretudo superior, é o produzido no desenvolvimento cultural, que pode se traduzir em desenvolvimento econômico. 
Desenvolver o ensino superior é estratégia essencial ao interesse público mais elevado e não somente algo que se defina no âmbito do interesse privado, da ascensão social dos indivíduos. 
As universidades podem ter motivações diferentes para selecionar seus alunos. Mas a ação efetiva da educação no indivíduo não termina no fim do curso superior. 
Aí se iniciam os desafios do aprendizado constante. Este ponto é fundamental e pode ser mal compreendido. A aceitação do vestibular como mecanismo isento de seleção, valioso num país acostumado a privilégios, tende a fazer crer que o melhor aluno é aquele com a nota mais alta e isso confunde bom desempenho num exame com capacidade de desenvolvimento intelectual. 
Este último pode ser encontrado num leque mais amplo de estudantes de origens diversas. O que boas universidades devem buscar é a composição equilibrada de -conhecimento de conteúdos fundamentais e capacidade de desenvolvimento intelectual. O desafio só pode ser enfrentado com autonomia das universidades e estudos de acompanhamento dos selecionados em processos regulares ou em ações afirmativas formulados para corresponder a seus objetivos e propósitos maiores. 

CIBELE YAHN DE ANDRADE é pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp

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