Vídeo: Clientes devolvem compras após denúncia de abordagem racista

Enviado por / FonteG1, por Dejair Neto

O prazo para a Zara enviar imagens de câmeras de segurança e a lista de funcionários que trabalharam no dia do episódio termina nesta sexta-feira (23).

Em um novo vídeo do episódio do jogador de futebol que denunciou racismo na Zara do BarraShopping, clientes que testemunharam a abordagem aparecem devolvendo as compras em protesto (assista abaixo).

A loja tem até esta sexta-feira (23) para entregar à Polícia Civil as imagens de câmeras de segurança e a lista de funcionários que trabalharam na unidade no domingo (18), quando houve a confusão com Guilherme Quintino.

O atleta afirmou ter sido impedido por funcionários de sair da loja e obrigado a mostrar onde estavam as peças que desistiu de comprar. O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Na companhia do jogador de futebol estava a namorada, Juliana Ferreira, que gravou parte da abordagem.

Nas novas imagens, o casal Rafael Duvivier e Jacqueline Duvivier aparece confrontando funcionários da Zara sobre o ocorrido. Eles presenciaram a abordagem a Guilherme. Os funcionários negam as acusações. Então, diante do ocorrido, Jacqueline desiste de levar os produtos que havia acabado de comprar.

“Eu não vou levar nada mais de uma loja racista!”, disse Jacqueline. Rafael complementa: “Todo mundo tá inventando? chama a polícia.”

Em seguida, Jacqueline se dirige aos funcionários e diz: “Vocês são brancos, vocês não sabem o que é passar racismo. Eu só quero devolver isso aqui.”

Rafael e Jacqueline disseram que, se for preciso, estão dispostos a prestar depoimento a favor de Guilherme.

Ao g1, a delegada da Decradi, Rita Salim, disse que a Polícia Civil trabalha na identificação de possíveis testemunhas.

Como foi o episódio

No domingo (18), Guilherme e Juliana foram separadamente para os setores masculino e feminino para escolher roupas. Juliana disse que pegou uma ecobag que é fornecida aos clientes e a entregou para Guilherme. Os dois chegaram a escolher algumas peças, mas optaram por não levá-las.

Eles deixaram a sacola em uma arara da loja e foram até a saída. Ao tentarem sair, o segurança impediu Guilherme. Juliana disse que questionou a ação, mas não foi respondida pelo funcionário. Toda a abordagem durou cerca de 40 minutos.

Guilherme conta que foi obrigado a seguir, acompanhado do segurança, até a arara onde havia deixado a bolsa. Depois disso, o funcionário levou a ecobag até uma mulher para a verificação dos itens. O atleta destacou que era questionado pelo segurança o tempo todo sobre onde estava a bolsa. Ele também disse que ficou constrangido com toda a ação.

Juliana gravou os questionamentos aos funcionários da loja, sem receber resposta. Nas imagens feitas por ela, ainda é possível ver o segurança com a sacola na mão, levando em direção a outra funcionária.

Guilherme contou que parecia que o segurança estava recebendo instruções.

Depois da conferência dos produtos da loja, Guilherme foi liberado, mas Juliana retornou ao estabelecimento e solicitou a presença do gerente. Ela disse que, questionada, a responsável pelo local afirmou que verificaria o ocorrido e, depois de 20 minutos, voltou sem explicações. A namorada do atleta disse que também procurou o SAC do BarraShopping.

“Analisamos que realmente houve um crime de racismo e precisamos acompanhar essas investigações. Temos que averiguar se a Zara tem a característica de manter seus funcionários em uma política discriminatória, principalmente em relação à cor da pele das pessoas que adentram a loja”, afirmou a advogada Letícia Domingos, que representa Guilherme.

O que dizem os citados

Sobre o envio do material à Polícia Civil, a Zara ainda não respondeu. A loja enviou a seguinte nota:

“A Zara é uma empresa que não tolera qualquer ato de discriminação e lamenta que o cliente tenha se sentido discriminado em uma de suas lojas. A empresa ressalta que está colaborando com as autoridades e também reforçando todos os processos e políticas de atendimento com as equipes para que suas lojas sejam sempre um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para todos.”

A administração do BarraShopping disse que lamenta o fato e repudia qualquer ato de discriminação. O centro de compras afirmou ainda que está à disposição das autoridades para colaborar com a apuração dos fatos.

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