Caio César tem 24 anos, é morador de Mesquita e professor de geografia. Ele pesquisa e escreve sobre masculinidades desde 2016. Começou a se interessar pelo assunto depois de ler “Peles negras, máscaras brancas”, do filósofo e psiquiatra Frantz Fanon.
Da ONUBR
Esta leitura o fez refletir sobre temas como a solidão da mulher negra e as preferências afetivas dos homens negros. Caio percebeu a importância de debater as masculinidades negras.
No final de 2017, integrou o projeto MEMOH – referência à palavra ‘homem’ de trás para frente –, que organiza oficinas e rodas de conversa entre homens para discutir o assunto.
“A gente está pensando em construir homens que sejam mais saudáveis. A gente tem uma masculinidade que é montada e impossível de ser exercida sobre vários aspectos, e isso causa nos homens uma série de questões muito ruins do ponto de vista pessoal, mas também da forma com que ele lida com outras pessoas”, pontua Caio.
O jovem ganhou notoriedade ao escrever textos, debater nas redes sociais e produzir vídeos e podcasts sobre o assunto.
Neste ano, foi convidado pela ONU para o Fórum Internacional de Igualdade de Gênero, que aconteceu na Tunísia em abril.
“Pra mim foi um desafio enorme. Eu nunca tinha saído do Brasil… Não sei falar inglês, não sei falar francês. Fiquei um mês estudando espanhol pra poder fazer o meu discurso”, diz Caio.
Lançado em maio de 2019, o livro “Diálogos contemporâneos sobre homens negros e masculinidades” é o primeiro sobre o tema no Brasil com apenas autores homens negros. Caio assina um dos artigos da publicação.
“Até hoje, é o trabalho mais importante da minha vida. E é um debate que precisa ter espaço, porque falar sobre masculinidades brancas e masculinidades negras são coisas totalmente diferentes”, aponta.