Viola Davis fala sobre despedida de ‘How to Get Away with Murder’

Rachel Murray/Getty Images

Com a segunda parte da última temporada já lançada nos Estados Unidos (e com previsão de sair este semestre na Netflix do Brasil), “How to Get Away with Murder” se despede de seus seguidores após seis anos de televisão. Em Pasadena, na Califórnia, o Metro Jornal teve a oportunidade de conversar com Viola Davis, atriz que demonstrou nesses últimos anos seu imenso talento de atuação na série produzida por Shonda Rhimes.

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Na série, ela interpreta Annalize Keating, uma sofisticada e inteligente professora de direito. Quando seus alunos a envolvem em um assassinato, ela tem que usar seu talento para desmascará-los. Confessando que Keating foi uma alegria e um desafio – devido à profundidade da personagem –, Davis admite que esse foi o tipo de papel que uma mulher da idade dela (54 anos) geralmente não tem chance de interpretar.

O que essa personagem significou para você em sua carreira?
Tive uma carreira de 30 anos e raramente consegui um papel tão flexível. Esse papel é único e, do meu ponto de vista, Annalize Keating mudou o jogo. Eu acho que o desafio foi não permitir que o público ditasse a situação da personagem. Criamos para uma mulher ousada e bagunçada, que não se importa de não ser legal.

Trabalhar com o “selo” Shonda Rhimes é diferente?
Para mim, esta série mudou minha vida. Ninguém escreveu um personagem como esse para eu interpretar no cinema. Esta é a primeira vez que sou completamente uma mulher. Independentemente da sua idade, orientação sexual ou cor, todos se sentem incluídos na narrativa de Shonda. E é assim que deve ser, porque é como a vida real.

Você já teve o seu momento “ai meu Deus” na série? É típico de Shonda Rhimes.
Sim. Quando Shonda me pediu para tirar minha peruca. Na minha vida, é algo comum pedirem para cobrir meu cabelo. É algo que acontece com qualquer atriz afro-americana. É normal e muito específico em Hollywood. Acho que foi bom abordar esse assunto e fiquei muito orgulhosa que Shonda me ofereceu a oportunidade de aparecer com meus cabelos naturais. Ela foi a primeira pessoa a me dar permissão para viver meu sonho de atriz.

Você costuma assistir à série na televisão?
Não vejo nada na televisão. Eu tenho um filho pequeno e meu tempo livre é dedicado a ele.

Você conquistou seu primeiro Emmy com esta série.
Sim e foi um orgulho, mas ninguém está no negócio de interpretação pelos prêmios. Lembro-me de um amigo meu me contando sobre Peter O’Toole, que havia sido indicado dez vezes ao Oscar e nunca venceu. Mas você tem que ver isso de outro ponto de vista: ele era tão bom que qualquer papel que desempenhava merecia ser premiado. Isso fala da qualidade dele, assim como acontece agora com Meryl Streep ou Julianne Moore, elas nem sempre vencem. Prefiro brilhar graças a Shonda Rhimes e sua narrativa.

Você se mostrou muito vulnerável nas interpretações.
Para mim é importante retratar a vulnerabilidade, porque ninguém está vivendo a vida como se fosse um super-herói. Sou uma mulher muito reservada, que mantém sua privacidade para poder interpretar personagens em três dimensões. Eu falharia miseravelmente se meu trabalho fosse condicionado pela minha fama pessoal.

Muitos atores de séries de longa duração reclamam que trabalhar nove ou dez meses por ano no mesmo programa é exaustivo. É diferente para você?
Estou muito agradecida, mas também estou cansada. É cansativo filmar tantos episódios em um curto período de tempo. Mas tenho sorte de filmar uma série interessante e profunda, porque seria muito mais difícil fazer televisão e estrelar o “Sr. Cabeça de Batata”. Como atriz, quero me conectar e participar de algo que acho que funcionará imediatamente, é quando começo a comprometer minha alma de artista. Tornei-me atriz porque queria criar seres humanos em três dimensões. Não sou uma personalidade, não sou um truque, mas sim um ser humano, com esse corpo, com esse rosto, com tudo. E acho que o desafio, ano após ano, é continuar fazendo isso. Cabe a mim fazer bem o meu trabalho, porque não há nada mais importante do que superar os desafios das histórias que eles me oferecem.

Você já viu como fica a série em outros idiomas?
Eu vi em espanhol. Achei fascinante ouvir minha interpretação em outro idioma. Consigo entender um pouco, pois, apesar de ser básico, tenho o espanhol que aprendi na escola.

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