Violência Policial e Impunidade no Rio de Janeiro – O Caso Wallace de Almeida

Em 13 de setembro de 2007 fez nove anos que Wallace de Almeida, um jovem negro de 18 anos, foi assassinado por policiais militares do estado do Rio de Janeiro e que sua família aguarda por justiça. São anos de frustração, expectativa e medo, mas sobretudo de esperança de que o Estado possa responder pelos atos arbitrários de seus agentes.

1. A execução de Wallace Almeida por Policiais Militares do Rio de Janeiro
No dia 13 de setembro de 1998, há nove anos atrás, Wallace de Almeida, 18 anos, negro, recruta no quartel do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, morador do Morro da Babilônia (o mesmo em que foi filmado Tropa de Elite), passou a tarde de domingo, na casa da sua tia Rosilda. No fim do dia, pouco antes das 21 horas, Wallace decidiu voltar para sua casa descansar, pois precisava acordar muito cedo para se apresentar no quartel. No caminho, ele foi prevenido por familiares de que estava havendo uma operação policial no morro e que por isso era melhor ele não prosseguir. Mesmo assim, Wallace continuou a subida rumo à sua casa, ainda no caminho ele parou em um bar, onde estava sua prima Rita, ela também tentou alertá-lo sobre a movimentação policial no morro e o risco que ele corria em prosseguir.

Após a saída de Wallace do bar, sua prima Rita conta que policiais militares chegaram, fecharam o estabelecimento e ordenaram que todos fossem para suas casas. A partir deste momento, os moradores começaram a ouvir muitos tiros, segundo eles, a polícia costumava agir desta forma para simular um confronto com supostos traficantes. Os tiros atingiram lâmpadas deixando o morro sem iluminação. Ivanilde Telácio, mãe de Wallace, ficou escondida na casa de vizinhos, de onde estava pôde ver, pela janela, quando seu filho chegava próximo à sua casa. Ela presenciou o momento quando Wallace subia e os policias o seguiam. Os demais familiares de Wallace estavam em casa, segundo estes, os tiros começaram a se aproximar e ficaram cada vez mais intensos. Em um certo momento, ouviu-se um único tiro seguido de um grito, e depois disso os ruídos cessaram.

Fagner Gomes dos Santos, primo de Wallace, olhou por um buraco na porta e viu uma pessoa caída no quintal, abriu a porta e neste momento um policial armado invadiu a casa, procurando por outros “bandidos”, Rosalina Telácio dos Santos, avó de Wallace, disse que naquela casa não havia bandidos, apenas trabalhadores, ainda assim o policial insistia, gritava e ofendia as pessoas ali presentes. Mesmo dentro da casa, Fagner podia ver que no quintal encontravam-se vários outros policiais, e entre eles o Tenente Busnello, conhecido pelos moradores da região por participar de várias ações naquele local e também por agir de forma truculenta e arbitrária. Foi então que Fagner pôde ver seu primo Wallace caído no chão do quintal, com parte do corpo dentro da casinha do cachorro.

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Matéria original:Violência Policial e Impunidade no Rio de Janeiro – O Caso Wallace de Almeida

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