1° Prouni – Jovem de 25 anos faz carreira como chef confeiteiro ‘sem ter ido a Paris’

Jeferson Costa cursou confeitaria com bolsa de estudo do 1° Prouni.
Perfil de Jeferson Costa é parte da história da cidade que faz 459 anos.

Terceiro colocado no primeiro Programa Universidade para Todos (Prouni), em 2004, Jeferson Costa conseguiu ingressar na faculdade para cursar confeitaria. Aos 25 anos, ele é responsável pela padaria e confeitaria de um restaurante no Itaim, na Zona Sul de São Paulo. O jovem descobriu seu talento com o açúcar ainda no ensino médio. Aluno de escola pública, ele fazia trufas de diversos sabores e vendia aos colegas de sala. Com o dinheiro arrecadado, financiou um curso técnico de confeiteiro.

Estudante aplicado, rapidamente caiu nas graças dos professores da faculdade. Arrematou bons estágios, até ser aprendiz de Amanda Lopes, chef patissière brasileira bem cotada no ramo. Como pupilo durante cinco anos, passou por padarias paulistas sofisticadas. Aprendeu o ofício e arrematou, no final de 2012, uma cozinha para pilotar sozinho. “Comecei como ajudante, lavando pratos. Depois comecei a produzir, e fui ganhando espaço.”

Hoje é responsável pela produção dos doces e pães do restaurante que funciona 24 horas, na Zona Sul. Em casa, porém, revela que pouco cozinha. Cumpre a obrigação de fazer seis bolos por ano, nos aniversários dos três irmãos, dos dois filhos e da esposa. Passa o dia desenvolvendo doces cinematográficos, mas confessa ser fã de seu própio bolo prestígio. “É o meu preferido.”

jeferson2Em 2006, o Jeferson venceu um concurso de jovens talentos, em São Paulo. Fez um bolo sabor café e chocolate e uma “peça” sabor chocolate. Entre os prêmios, foi ofertada a ele uma viagem a Paris que no fim não vingou. “Acabou não dando certo, mas sinto que sou um confeiteiro paulista que não deve nada a quem estudou fora.”

Embora satisfeito com a carreira que começa a construir, ele se impôs o prazo de ser reconhecido por suas criações até os 30 anos. Não pretende montar o próprio negócio, mas sonha em ser cobiçado por restaurantes graúdos da cidade. “Posso, no máximo ser sócio, mas quero que alguém invista no meu trabalho.”

Casado e pai de dois filhos, ele divide a produção de doces com os ensaios para o carnaval. Passista de escola de samba, Jeferson cresceu na quadra da Combinados do Sapopemba, antiga escola da Zona Leste da cidade, região onde ele cresceu e ainda reside. No grupo especial, integrou durante sete anos a Tom Maior, e hoje faz parte da Mocidade Alegre. “Cresci nesse meio. Quem é negro nasce com o samba na veia.”

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