Cerca de 10 mil pessoas marcharam hoje entre as avenidas Paulista e Consolação na cidade de São Paulo. A 12º marcha da Consciência Negra teve como objetivo o combate ao racismo, à violência e ao sexismo. O dia da Consciência Negra foi instituído por Lei Federal em 2003 e remete ao assassinato do líder negro Zumbi, em 1695, chefe do quilombo dos Palmares, considerado por muitos a primeira república livre das Américas.
Por Solon Neto e Pedro Borges Do Ceert
Entre os manifestantes estavam políticos e militantes, como Nelso Triunfo, ícone do Hip-Hop, Malaak Shabbaz, ativista e filha de Malcolm X, o secretário da Igualdade Racial do município de São Paulo, Maurício Pestana, e o presidente estadual do PSOL e militante do Circulo Palmarino, Juninho Jr.
Marcelo Cavanha, parte da organização da marcha, falou ao Alma Preta sobre as motivações do encontro:
“Nós estamos calculando aproximanamente 10 mil pessoas ocupando a avenida Paulista e a Consolação contra o racismo, contra toda a forma de preconceito e intolerância religiosa.”
Para ele é importante que a marcha exista para apontar as desigualdades sociais e o genocídio da juventude negra:
“A importância é mostrarmos que estamos vivos, que estamos na rua contra esse governo opressor, assassino e genocida da nossa juventude, e mostrar para toda a sociedade que nós queremos uma sociedade brasileira mais igualitária.”
Joãozinho, membro da CONEN, Coordenação Nacional de Entidades Negras, e também organizador da marcha, por sua vez, ressaltou a necessidade de um momento de reflexão e de um feriado para colocar nas ruas as reivindicações que ainda pendem na pauta do povo negro.
“Essa marcha vem em um momento que a crise aumenta e querem descontar a crise nos pobres da periferia. Aqui no estado de São Paulo a gente vê a chacina ocorrendo toda semana, não apuraram, e conseguimos ainda ver que se amplia a violência contra a juventude negra. Então, neste dia 20, a gente está ocupando as ruas para demarcar esse espaço, demarcar nosso grito de guerra contra o racismo, contra a violência e contra o sexismo.”
Para ele, a data do 20 de novembro é uma forma de garantir espaço de reivindicação de direitos e também de lembrar os que lutaram e caíram anteriormente, como o homenageado Zumbi dos Palmares:
“Essa data aponta que muitos já tombaram antes de nós para fazer esse momento. Retomando a luta pós 78, pós 70, a gente viu que o movimento está crescendo, crescendo e hoje conseguimos estar ocupando as ruas e também constituir em mais de 3.000 municípios o feriado da consciência negra, para que estejamos na rua, no feriado, para fazer essa denúncia.”
Abaixo, seguem as bandeiras defendidas pela marcha:
– Não a redução dos direitos sociais e ao ajuste fiscal, os ricos que deve pagar a conta da crise.
– Contra a redução da maioridade penal, ao aumento do tempo de internação e em defesa do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
– Contra o Projeto de Lei 3722/12 que revoga o Estatuto do Desarmamento.
– Pela aprovação da PEC 51/13 que desmilitariza as polícias.
– Pela aprovação do Projeto de Lei 4471/12 que propõe o fim aos autos de resistência.
– Pelo respeito as religiões de matriz africana e combate a intolerância religiosa,
– Combate a intolerância e xenofobia praticadas contra os imigrantes africanos e haitianos.
– Apoio e participação na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, no dia 18 de Novembro em Brasília.
O Alma Preta preparou uma galeria de fotos da 12º marcha da Consciência Negra que você pode conferir abaixo: