Hoje, depois de ouvir o desabafo que uma preta deixou num vídeo, as Meninas Black Power começaram outra conversa sobre solidão da mulher negra, especialmente dentro de relacionamentos amorosos. É um tema recorrente e entendo que depois de tanto tempo calando sentimentos sobre a vida, as relações, entregas ruins ou boas e também sobre como tudo nos afeta enquanto mulheres negras, é hora de falar muito, sim. Já aguentamos demais.
por Élida Aquino no Meninas Black Power
Fiquei pensando: onde a gente começa a sentir isso? Quando nossos conflitos com o afeto se dão? A partir de que ponto nos tornamos tão vulneráveis e/ou tão endurecidas quando o assunto é amor/amar? Tenho visto várias de nós sofrendo em relacionamentos amorosos e já escrevi algumas reflexões como essa aqui. Às vezes somos nós, as que parecem tão seguras e conhecedoras de si e do contexto, as atingidas. Não estamos imunes. Umas admitem abusos vindo de parceirxs, outras não conseguem se abrir por medo da dor, outras não enxergam o próprio valor dentro da relação… Enfim, muitas feridas esperando por cura. Juntando o que tenho visto, as construções que tenho tido dentro da coletividade e outros fatores, cheguei no texto 19 coisas que pequenas meninas negras ainda não ouviram o suficiente com outro olhar. Foi uma indicação da Nubiha, preta que super admiro, e a lista é uma ideia da Kayla Greaves, publicada no Blavity (que arrasa em conteúdo e merece atenção, por sinal).
Refleti sobre a mãe que espero ser no futuro, a menina preta que fui, as coisas que ouvi, o que não ouvi e sobre os reflexos disso na mulher que me torno diariamente, especialmente no que diz respeito aos relacionamentos afetivos que tive e tenho. O resultado é óbvio: o que absorvi na infância influenciou na adolescência e por aí vai. Fui vendo o quanto precisamos gerar mulheres negras que se apropriem delas mesmas. Às vezes limitamos o “empoderamento da mulher negra” ao amor ao próprio corpo, às características únicas, mas e o que vai por dentro? Precisamos nos empoderar também da segurança de sermos especiais, dos nossos valores, talentos, de merecermos respeito por sermos boas em muitas coisas e também de merecermos cuidado e paciência naquilo que não somos. Precisamos ouvir isso das nossas referências. Por isso trouxe o post pra cá e tomei a liberdade de incluir algumas coisas. Ele me tocou na simplicidade. Quero ser essa mãe que potencialize as próprias crias, quero que minhas amigas e amigos sejam pais assim, quero que possamos dizer isso às crianças que cruzam nosso caminho e que esse post gere isso em você que está lendo e ainda não o faz. Meninas negras precisam saber que são maravilhosas, que podem ser o que quiserem, e esse incentivo começa dentro de casa, antes mesmo de elas levantarem das suas camas para ganhar o mundo. Potencialize as pretinhas! Ainda não sabe o que dizer? Dicas práticas abaixo. Inspire-se!
-
Você é linda. Você é talentosa. Você é amada.
-
Você pode ser o que quiser ser. Nem o céu é limite pra você.
-
Sempre experimente coisas novas, é assim que você vai aprender quais são seus talentos.
-
Se você não vê ninguém fazendo algo que você quer fazer e acredita que pode ser extraordinário, não tenha medo de ser a primeira a experimentar!
-
Seu cabelo natural desafia a gravidade – você é mágica.
-
Porque seu cabelo desafia a gravidade as pessoas vão querer tocá-lo. E você está autorizada a dizer “não!” se não quiser que toquem.
-
Sua pele cheia de melanina é perfeita.
-
Ser “muito negra”, ou “não ser suficientemente negra” não são coisas reais. Todos os nossos tons são bonitos.
-
Sua história não começou com a escravização. Você tem uma história rica e descende do continente onde a vida humana começou.
-
Às vezes você vai ser a única menina negra no lugar, mas isso não faz de você estranha. Isso te torna única!
-
Não tenha medo de contar sua história e sua verdade.
-
A única parte do corpo que você precisa usar para chegar à frente na vida é o seu cérebro (mas não sinta vergonha do corpo maravilhoso que possui!).
-
Haverá momentos em sua vida onde você terá que lidar com decepções. Mantenha sua cabeça erguida, mesmo nos momentos mais difíceis. Mesmo assim não se envergonhe de sentir dor. Você não precisa ser forte o tempo todo.
-
Você não é responsável pelos erros que seus pais possam ter cometido. Não carregue esse fardo na vida.
-
Não há cabelo “ruim”. Não há cabelo “ruim”. Não há cabelo “ruim”. Não há cabelo “ruim”. E qualquer um que te disser que há, está mentindo.
-
Você é responsável por sua própria felicidade.
-
“Não” é uma palavra poderosa. Não tenha medo de usá-lo.
-
Os livros são seus melhores amigos – e a melhor maneira de ampliar conhecimento fora da sala de aula.
-
Aproveite sua infância! Estes são os anos em que você pode aproveitar muito mais a maravilha de ser uma menina negra e livre.