Formado em sistemas de informação pela PUC-Rio, cientista de dados da IBM, negro, Raoni Lazaro Rocha Barbosa, 34 anos, morador de Campo Grande, foi preso temporariamente acusado de fazer parte de milícia privada em Duque de Caxias. Foi assim: no último dia 17, ele estava dormindo com a mulher, numa casa de dois andares compartilhada com a mãe dela. Políciais foram até a casa dele e o prenderam de pijama ainda. Ele está sendo investigado por, em tese, efetuar cobranças externas de comerciantes e participar de rondas em condomínio no Município de Duque de Caxias. Está preso em Benfica.
Os advogados Carolina Altoé e Fabio Manoel, que representam Raoni, comprovaram, por documentos, que ele jamais residiu em Duque de Caxias. A prisão foi decretada por meio de foto. Só que a foto do processo não é, segundos os advogados, de Raoni Lazaro Rocha Barbosa. O caso também está sendo acompanhado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Álvaro Quintão.
Veja os dados de dois relatórios da Comissão Criminal do Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais: em 2020, houve 58 erros em reconhecimento fotográfico. Todos do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2021, um novo relatório mostrou que 83% das pessoas apontadas como suspeitas eram negras.
Aliás, o reconhecimento por foto não tem previsão legal. O caso está nas mãos da desembargadora Denise Vaccari, da 1ª Câmara Criminal do Rio.