Sejamos francos: 2016 foi um dos piores anos da história. Foi especialmente difícil para os negros, graças ao racismo que a campanha presidencial (e posterior eleição) de Donald Trump incitou entre nacionalistas brancos. E houve, é claro, as muitas mortes injustas de homens e mulheres negros abatidos a tiros pela polícia.
Por Zeba Blay Do Brasil Post
E será que mencionamos o fato de Donald Trump ter sido eleito presidente?
Apesar de tudo isso, porém, ainda houve algumas coisas este ano pelas quais podemos sentir gratidão, especialmente em termos de pessoas negras usarem sua voz e seu talento para fazer coisas incríveis.
Desde o documentário estelar A 13ª Emenda, de Ava DuVernay, até o gesto controverso (mas necessário) do protesto de Colin Kaepernick contra o racismo, veja abaixo apenas algumas das vozes negras elogiáveis pelas quais somos gratos em 2016:
Solange Knowles
Jacopo Raule via Getty
Solange Knowles lançou em setembro seu terceiro álbum gravado em estúdio, “A Seat At The Table”. Com canções como F.U.B.U. e Don’t Touch My Hair, o álbum foi saudado por muitos como sendo o mais negro do ano.
Não é apenas uma reflexão do que significa ser negra, mas uma celebração da negritude, algo que se mostrou muito necessário este ano.
Simone Biles
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A ginasta Simone Biles fez parte da “equipe dos sonhos” americana ganhadora de muitas medalhas na Olimpíada de 2016, exemplificando tudo que é #BlackGirlMagic (a magia da garota negra).
Depois de conquistar quatro medalhas de ouro, a atleta de 19 anos hoje é a ginasta olímpica americana com mais medalhas.
John Legend
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John Legend pode ter uma voz linda, mas o cantor é ainda mais incrível por usar sua voz para promover transformações e conscientizar as pessoas.
Legend se manifesta abertamente nas mídias sociais contra a injustiça racial, mas também aproveita sua plataforma para fazer uma diferença no mundo real, criando organizações beneficentes como Show Me Campaign e FreeAmerica para lutar contra a pobreza nos países africanos e o encarceramento em massa.
Gwen Ifill
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Gwen Ifill, que faleceu em 14 de novembro depois de combater um câncer, foi uma das jornalistas mais respeitadas de sua área. Ao longo de sua carreira de décadas, que incluiu um período como apresentadora do programa NewsHour da rede PBS,
Ifill construiu um legado que abriu o caminho para outras mulheres negras no jornalismo. Ela se foi, mas suas contribuições e realizações vão continuar a servir de inspiração para todos nós.
Jesse Williams
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Jesse Williams é elogiado há anos por sua consciência social e política, mas ele fez as pessoas prestarem atenção com o discurso que deu em junho ao aceitar um prêmio da rede BET (Black Entertainment Television).
O discurso cristalizou o que muitas pessoas negras estavam sentindo com a intensificação da brutalidade policial. “Só porque somos mágicos, não quer dizer que não sejamos reais”, falou Williams.
Chimamanda Ngozi Adichie
Algumas pessoas podem conhecer Chimamanda Ngozi Adichie apenas como a mulher que fala no interlúdio de “***Flawless”, de Beyoncé, mas este ano ela confirmou o fato de ser uma das escritoras mais fortes, inteligentes e talentosas da atualidade.
Desde desfazer o mito de que feministas não podem curtir maquiagem até sua reflexão lindamente escrita sobre o poder de Michelle Obama, passando por calar vozes brancas paternalistas na televisão nacional (aquelas que tentam explicar coisas em termos simplistas para pessoas não brancas, partindo da premissa de que são menos inteligentes),
Adichie já comprovou inúmeras vezes este ano que é uma voz que merece ser ouvida.
Barry Jenkins
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Com “Moonlight” o diretor Barry Jenkins nos deu uma das mais belas explorações no cinema do tema do homem negro.
O filme conta a história do jovem Chiron, de Liberty City, Miami, que procura encarar sua sexualidade e masculinidade em um mundo que quer lhe dizer quem ele é.
Jenkins criou um filme cujo protagonista é um homem negro e gay e cujo roteiro e elenco são inteiramente negros.
Angela Rye
Larry French via Getty Images
Angela Rye é uma das comentaristas políticas mais importantes do jornalismo americano, dedicada incansavelmente a fomentar transformações políticas positivas.
Ela já teve muitos momentos incríveis como comentarista da CNN, mas seu maior momento talvez tenha sido quando ela citou um trecho de uma letra de Beyoncépara calar um partidário de Trump.
Marc Lamont Hill
Mireya Acierto via Getty Images
Este ano foi incrível para Marc Lamont Hill. O ex-apresentador do HuffPost Live e comentarista da CNN passou um ano altamente movimentado e ganhou seu próprio programa noturno na VH1.
Em julho ele lançou um livro importante, “NOBODY: Casualties of America’s War on the Vulnerable, from Ferguson to Flint and Beyond”.
Issa Rae
Mario Anzuoni / Reuters
Insecure, a série ansiosamente aguardada de Issa Rae na HBO, estreou finalmente este ano e é tão maravilhosa quanto todos esperávamos que fosse.
Aae ganhou destaque inicialmente em 2011 com sua web-série Awkward Black Girl.
Com Insecure, ela aprimorou seu estilo cômico e ofereceu à televisão algo que estava fazendo falta: o ponto de vista de uma garota negra.
Colin Kaepernick
Thearon W. Henderson via Getty Images
O protesto constante de Colin Kaepernick contra o racismo nos Estados Unidos pode ser controverso (especialmente considerando que ele não votou na eleição presidencial recente), mas sua dedicação a essa causa deve ser respeitada.
Além de manifestar-se contra a brutalidade policial, Kaepernick lançou um programa “Conheça Seus Direitos” para rapazes negros de baixa renda na região da baía de San Francisco.
Franchesca Ramsey
Michael Loccisano via Getty Images
Franchesca Ramsey, também conhecida como “Chescaleigh”, é uma personalidade da internet e ativista conhecida especialmente por apresentar a web-série “Decoded”, da MTV.
Em cada episódio da série ela desfaz mitos sobre raça e racismo, incluindo estereótipos femininos negros, desculpas ridículas para justificar o racismo e o perigo das leis que exigem que eleitores apresentem documentos de identidade com foto.
Ava DuVernay
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Este ano Ava DuVernay não apenas nos deu o fascinante drama familiar “Queen Sugar”, da OWN, como lançou o seminal documentário A 13ª Emenda, da Netflix, sobre as origens racistas do encarceramento em massa.
DuVernay pretende continuar a utilizar seu sucesso e sua plataforma para informar e para criar mais oportunidades para outros cineastas negros.
Darnell Moore
Paul Zimmerman via Getty Images
Como ativista do movimento Black Lives Matter e editor sênior de “The Movement”, do Mic, o escritor Darnell Moore tornou-se uma voz indispensável da comunidade negra.
Ele está escrevendo no momento um livro de memórias, “No Ashes in the Fire”, sobre sua vida como homem negro e gay na América.
Joy-Ann Reid
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Joy-Ann Reid é uma das luzes brilhantes de verdade e integridade no mundo do jornalismo.
Com seu trabalho na MSNBC e seu programa AM Joy, ela não hesita em criticar o racismo e a misoginia, conforme demonstrou a mensagem maravilhosa que ela transmitiu ao povo americano após a eleição de Donald Trump.
Donald Glover
Mario Anzuoni / Reuters
Além de ser cantor e músico de talento, Donald Glover é o criador de uma das melhores novas séries de televisão, Atlanta.
A série é escrita integralmente por roteiristas negros, e com ela Glover nos trouxe uma visão original e autêntica da experiência negra, algo que nunca antes foi visto.
Zadie Smith
TOBIAS SCHWARZ via Getty Images
Este ano a amada escritora britânica Zadie Smith lançou seu romance mais recente, “Swing Time”, um acréscimo brilhante a uma bibliografia já estelar que inclui retratos vibrantes de pessoas negras de toda a diáspora.
Van Jones
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O comentarista político Van Jones tornou-se um astro da campanha de 2016 graças a seu trabalho inteligente e intransigente como analista da CNN.
O ex-assessor da Casa Branca se destacou sobretudo em discussões sobre o racismo na América, nas quais consistentemente manteve sua posição contra a de colegas comentaristas que optaram por negar ou menosprezar a realidade do racismo.
Luvvie Ajayi
Marla Aufmuth via Getty Images
2016 foi o ano de Luvvie Ajayi. A blogger nigeriano-americana, estrela das mídias sociais, lançou um livro que entrou para a lista do New York Times dos mais vendidos, intituladoI’m Judging You: The Do Better Manual, cheio de magia de garota negra.
Barack e Michelle Obama
NICHOLAS KAMM via Getty Images
Pela liderança deles. Por seu humor. Por seu trabalho incansável para melhorar a qualidade de vida de milhões de americanos. Por sua graça e elegância diante do ódio e do desrespeito. Obrigado.