O Ninho de Pássaro, em Pequim, recebe a partir da noite desta sexta-feira (manhã de sábado na China) o Campeonato Mundial de Atletismo. No palco onde Usain Bolt se apresentou ao mundo, nos Jogos Olímpicos de 2008, passarão centenas de atletas até domingo, dia 30. Alguns destes atletas são jovens que já chegam à competição como favoritos ou com boa chance de abocanhar a medalha de ouro. O Esporte Final apresenta abaixo seis deles. Fique atento: valerá a pena acompanhá-los com atenção.
Por Rodrigo Borges, do Carta Capital
Alemitu Heroye (ETI)
10.000 metros
Campeã mundial júnior dos 5.000 metros no ano passado (vídeo acima), Alemitu, 20 anos, estreou nos 10.000 metros no campeonato etíope deste ano. Com sucesso: cravou 30min50s83 e se classificou para o Mundial com a segunda melhor marca do ano, atrás apenas da compatriota Gelete Burka, vencedora da prova que marcou a estreia de Alemitu. Apenas uma surpresa de proporções épicas tira de uma atleta da Etiópia a medalha de ouro (e a prata e o bronze) nos 10.000 metros, e a novata da prova já se coloca como importante candidata a subir no degrau mais alto do pódio.
Denia Caballero (CUB)
Lançamento de disco
Dois anos atrás, no Mundial de Moscou, Denia, 25 anos, terminou na oitava colocação do lançamento de disco. Desde então, sua melhor marca melhorou incríveis cinco metros, a ponto de se colocar como favorita à medalha de ouro em Pequim. A cubana tem a melhor marca do ano, 70m68, com mais de meio metro na frente da croata Sandra Perkovic. Sua regularidade é impressionante: competiu em alto nível durante o ano todo, incluindo a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, e em junho tornou-se a 25ª mulher a superar a marca dos 70 metros. O recorde mundial da prova ainda é de Gabriele Reinsch, da Alemanha Oriental, de 1988: 76m80 (pois é).
Guowei Zhang (CHN)
Salto em altura
Quanto mais foi se aproximando o Campeonato Mundial, mais o jovem chinês de 24 anos se posicionou como um dos favoritos em uma prova em que há vários candidatos à medalha de ouro. Embora o barenita Mutaz Essa Barshim tenha a melhor marca do ano (2m41), seu jejum de vitórias nos últimos meses anima os adversários diretos, entre eles Zhang, que já saltou 2m36 e 2m38 nesta temporada, o que lhe coloca apenas atrás de Barshim. O Chinês marrento e dançarino (viu o vídeo?) compete em casa para tentar superar um mito do país: Zhu Jianhua, ex-recordista mundial, foi o primeiro homem chinês a conquistar uma medalha olímpica, em 1984). Sua melhor marca: 2m39.
Omar McLeod (JAM)
110 m com barreiras
Aos 21 anos, ele tenta ajudar a Jamaica a ampliar o domínio em provas de velocidade, tornando-se o primeiro atleta do país a conquistar um título mundial nos 110 metros com barreiras. McLeod conquistou o título universitário americano com 13s01, mas no campeonato nacional da Jamaica baixou a marca para 12s97 e tornou-se um dos três homens a fechar a prova abaixo dos 13 segundos nesta temporada. Apesar da idade, McLeod está, sim, entre os candidatos à medalha de ouro, tendo como principais adversários o cubano Orlando Ortega (12s94) e o americano David Oliver (12s98).
Pedro Pablo Pichardo (CUB)
Salto triplo
Em 1995, em Gotemburgo, Jonathan Edwards saltou 18m29 no Campeonato Mundial e cravou o recorde mundial do salto triplo. Em duas décadas, a marca do britânico nunca esteve tão ameaçada quanto agora, pelo fenomenal Pedro Pablo Pichardo. Dono da terceira e quarta marcas de todos os tempos, o cubano saltou acima de 18 metros duas vezes em maio. Uma destas provas, em Doha, no Catar, foi a primeira da história com dois atletas cravando mais de 18 metros – o outro autor da façanha foi o americano Christian Taylor, com quem PPP deve protagonizar a disputa pela medalha de ouro. Pequim pode assistir a um dos grandes momentos da história do atletismo.
Trayvon Bromell (EUA)
100 m, 4 x 100 m rasos
Ele ainda não é mundialmente conhecido, mas já falamos de Trayvon aqui no Esporte Final porque o americano tem tudo para ser um dos melhores atletas do mundo. Aos 20 anos e apenas 1m72 de altura, ainda é um juvenil, mas já tem 9s84 como melhor marca nos 100 metros rasos, o que lhe coloca como terceiro melhor do ano, atrás dos medalhões Justin Gatlin (EUA) e Asafa Powell (JAM). Chega a Pequim sem pressão, mas ciente de que pode, sim, voltar para casa como um dos mais jovens medalhistas de todos os tempos. É a grande esperança dos Estados Unidos para interromper o domínio da Jamaica na prova mais rápida do atletismo.