6 policiais são presos por colocar fogo em morador de rua em São Paulo

Seis policiais militares (PMs) do 36º BPM (Taboão da Serra), na Grande São Paulo, foram presos nesta terça-feira após indícios de terem ateado fogo em um morador de rua na madrugada de hoje na cidade. Segundo o capitão Luís Antônio, “foram recolhidas provas suficientes para que os policiais fossem autuados em flagrante” por tentativa de homicídio e tortura. Eles estão detidos em uma delegacia da Polícia Civil. Conforme Luís Antônio, os PMs serão encaminhados para o presídio militar Romão Gomes.

“Eles foram chamados para atender uma ocorrência de furto a residência no bairro Jardim Triângulo e um tempo depois um morador de rua deu entrada no pronto socorro com queimaduras de 2º e 3º graus. O homem disse que os PMs atearam fogo nele. Dada a gravidade das acusações, investigamos e os policiais disseram que o morador de rua foi queimado quando ia acender um cigarro”, afirmou o capitão Luís Antônio.

Os PMs aguardam o final da apuração dos fatos para serem transferidos ao presídio militar. O morador de rua, que seria viciado em drogas, está internado no pronto socorro de Taboão da Serra em estado estável.

Resistências à prisão mataram 148 em 3 meses

O delegado Jorge Carrasco, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo, apresentou na tarde desta terça-feira o primeiro balanço sobre a investigação dos últimos três meses sobre mortes por resistência policial. Segundo o DHPP, em três meses foram registrados 129 casos de resistência, com 148 mortes e 55 prisões em flagrante.

A área de atuação da investigação do DHPP abrange capital paulista e Grande São Paulo. Do número total apresentado pelo levantamento, 30% dos crimes tiveram investigações concluídas e foram enviados para a Justiça e em apenas um caso, ocorrido em Santo André, foi constatado abuso do policial.

“O DHPP não investiga desvio de conduta e não está afeto a baixar a letalidade. O DHPP não tem essa legitimidade. A missão do governo estadual é investigar a resistência seguida de morte dando legitimidade à ação ou não. Não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém. É bom que fique claro: o desvio de conduta é com a Corregedoria, legitimidade da ação é conosco. Temos obrigação de falar a verdade e não vai ser diferente nessa nova atribuição que foi dada”, afirmou o delegado Jorge Carrasco.

A nova delegação da DHPP, de investigar a legitimidade de ações policiais e casos de mortes por resistência à prisão, ocorreu após a divulgação do caso de uma mulher que presenciou uma execução e narrou, por telefone e em tempo real, para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). O caso ocorreu em março. A testemunha não identificada presenciou a execução do criminoso Dileone Lacerda de Aquino, que foi levado pela Polícia Militar para o Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e foi morto por policiais com um tiro no peito.

Mesmo tendo alegado que o suspeito resistiu à prisão, os dois soldados foram detidos e levados ao presídio Romão Gomes, onde ficaram à disposição da Justiça. Dos 129 casos apurados até agora, 87% envolvem policiais militares, 8% policiais civis e 5% de soldados das Guardas Municipais Metropolitanas. “Em todas essas ocorrências, existe a instauração de um inquérito pela PM e um trabalho conjunto com o DHPP na apuração desses crimes e, posteriormente, à Justiça comum. Existe uma tripla avaliação de conduta”, disse o tenente coronel Edson Silvestre, da Corregedoria da Polícia Militar, que também participou do balanço apresentado pelo DHPP.

Silvestre afirmou ainda que o governo do Estado prevê investimentos para ferramentas inteligentes para mapeamento de crimes. “A PM tem chegado com mais rapidez aos locais, que diminuem a possibilidade de confronto. O PM não procura, ela reage ao confronto. Com esses recursos, a probabilidade de existir confrontos é menor. Após a resolução (de trabalho conjunto com o DHPP), em apenas 18% desses casos houve mortes. Em 82% desses casos, não houve mortes”, disse o tenente coronel, que não soube informar, no entanto, dados anteriores à resolução do governo estadual.

Segundo Silvestre, entre janeiro de 2011 até a última segunda-feira, dez PMs morreram em serviço e 18, em horário de folga agindo em razão da função. “Os policias militares também são vítimas e não existe conivência institucional”, disse. “Todos os outros 70% dos casos (investigados pelo DHPP sobre casos de resistência seguida de morte) estão em andamento. A maioria ainda estamos esperando laudos técnicos”, afirmou o delegado Jorge Carrasco, que disse que o efetivo do DHPP foi reforçado para apurar casos de homicídio e resistência seguida de morte.

Fonte: Terra

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