A Niterói de Iris e Alessandro desenha o mapa da segregação racial brasileira

A nutricionista Iris Motta, 46, e o jornalista Alessandro Conceição, 37, moram em Niterói, município a 15 quilômetros da capital Rio de Janeiro que ostenta alguns dos melhores indicadores sociais e econômicos de todo o Brasil. Porém, ambos vivem realidades bem diferentes. É fim de tarde e, assim como algumas dezenas de pessoas, Iris se exercita no calçadão da praia de São Francisco, bairro de classe média-alta da cidade. As ruas estão impecavelmente limpas e uma viatura de polícia faz a segurança do local. “Morar aqui é ótimo, me sinto muito segura”, afirma Iris, que é branca e vive no Canal, bairro de classe média. Alguns desses serviços de qualidade até chegam no Complexo de favelas do Viradouro. Mas o cotidiano de Alessandro, que é negro, é cheio de armadilhas. “Em toda minha existência ocupar certos lugares significa sempre gerar muita desconfiança. Eu sei que os olhares vigilantes de policiais viram para mim”, conta. O rapaz vem convivendo desde 19 de agosto com uma nova ocupação da Polícia Militar em seu bairro, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter proibido operações policiais nas favelas do Rio durante a pandemia de coronavírus.

O vizinho rico do Rio de Janeiro se orgulha de ter o sétimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto de todo o país. De acordo com o IBGE, o PIB per capita em 2017 foi de 55.000 reais no município, enquanto o país inteiro registrou pouco mais de 31.000 reais naquele mesmo ano. Mas a “cidade sorriso”, como ficou conhecida por causa de sua qualidade de vida, também retrata um Brasil que é profundamente racista. Essa é a conclusão que emerge do Mapa da Desigualdade da região metropolitana do Rio de Janeiro divulgado neste mês pela ONG Casa Fluminense. Em análise anterior feita pelo jornal Nexo a partir dos dados do IBGE e da Brown University, Niterói aparece como a cidade que mais segrega pela cor da pele do Brasil.

 

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