Visões do Império: racismo e colonialismo em português

Enviado por / FonteC7nema, por João Miranda

O aparecimento da fotografia em pleno colonialismo, quando já parte do projecto científico tinha sido cooptado (para não dizer criado) pelo mesmo, criou novas formas de produção de conhecimento que não só enchem os arquivos, mas também as culturas populares dos países europeus. Objectos e imagens enchem paredes, estantes e gavetas nas casas de várias famílias, cuja ligação com os seus países de origem é muito ténue (e estritamente colonial), e criam uma normalidade que raras vezes é questionada. É a partir destas colecções de objectos que vão surgindo em feiras que Joana Pontes vai traçar, com ajuda de alguns investigadores, uma história do uso da fotografia na construção de uma imagem do império colonial português.

Não sendo original na sua aproximação formal do formato documental, é nas fotografias mostradas e, principalmente, nas intervenções dos investigadores que o filme consegue brilhar. Se parte do familiar e do quotidiano, o âmbito vai-se expandindo e vai ultrapassando a mera representação irreflectida de curiosidades e estereótipos, para englobar a produção científica e a máquina da propaganda de um sistema político que não se coibiu de usar a censura e a violência contra vozes que o questionassem e às suas instituições. O revelar o que é tão comum que já nem se percebe, bem como os “buracos” entre o que é mostrado são momentos de transformação para quem não tenha ainda começado a reflectir sobre este tema. Tudo isto sem condescendência e, mesmo falando de pessoas que fazem parte do meio académico, sem a opacidade do discurso que caracteriza algumas das pessoas e áreas do mesmo.

A acompanhar o filme está também, até ao final do ano, uma exposição com o mesmo título no Padrão dos Descobrimentos (https://padraodosdescobrimentos.pt/evento/visoes-do-imperio/), que, símbolo dessa época, tanto tem feito para fazer parte do discurso crítico da mesma. Num momento em que se vai começando a falar sobre o colonialismo e as suas representações a propósito das estátuas que enchem o espaço público, este documentário traz mais argumentos que permitem o desenvolvimento de um olhar crítico sobre um processo político e histórico que está na base de uma forma de pensar racista e colonialista que é a base de uma portugalidade contemporânea.

+ sobre o tema

Akim Camara um virtuose do violino na Holanda

O Maestro Andre Rieu apresentou Akim Camara um violinista...

1ª mulher em uma nota de dólar é ex-escrava e bateu primeira-dama

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, uma...

Rihanna escala modelo de 67 anos para campanha de sua grife “FENTY”

Além de ter se tornado uma verdadeira magnata da...

para lembrar

‘Sex and the City africana’ retrata lado glamouroso do continente

A câmera passeia por um sofisticado restaurante, no qual...

Ao lado de ativistas, famosos transformam Globo de Ouro em grande protesto

O 75º Globo de Ouro, neste domingo (7), marca...

Jessé Souza: Escravidão é o que define sociedade brasileira

Reescrever a história dominante de que a corrupção é...

Spike Lee: “Estou apenas a quatro gerações da escravatura”

Nova-iorquino volta a abordar as questões raciais,recordando em "O...
spot_imgspot_img

Mulheres sambistas lançam livro-disco infantil com protagonista negra

Uma menina de 4 anos, chamada de Flor de Maria, que vive aventuras mágicas embaixo da mesa da roda de samba, e descobre um...

Juçara Marçal e Rei Lacoste lançam o Amapiano “Sem contrato”

A dupla Juçara Marçal (Rio de Janeiro) e Rei Lacoste (Bahia) lançam nesta sexta-feira (26) o single “Sem Contrato” nas principais plataformas digitais e...

Clara Moneke: ‘Enquanto mulher negra, a gente está o tempo todo querendo se provar’

Há um ano, Clara Moneke ainda estava se acostumando a ser reconhecida nas ruas, após sua estreia em novelas como a espevitada Kate de "Vai na...
-+=