Projetos sociais, de educação e de meio ambiente não receberão mais fundos europeus a partir de 2014

A Europa revê sua política externa e decide acabar com projetos sociais, de educação e meio ambiente no Brasil. A partir de 2014, o País não receberá mais fundos de ajuda ao desenvolvimento do bloco europeu. Se parte da explicação é o problema da dívida da UE, o que Bruxelas quer de fato é mandar um forte recado: já não considera o Brasil um país pobre e quer uma mudança radical na relação.

A decisão foi tomada com base em um princípio simples: o País que afirma ser a sexta maior economia do mundo em 2012 e já concorre com os europeus em vários setores não tem por que continuar a receber ajuda e deve assumir suas responsabilidades. Para representantes de Ongs, a decisão da UE é “equivocada”.

No total, 19 emergentes, como China e Índia, serão excluídos dos programas de desenvolvimento do bloco europeu. A meta é utilizar os recursos para ajudar apenas países mais pobres, como Haiti, Libéria ou Laos.

No caso do Brasil, a UE destinou entre 2007 e 2013 61 milhões para projetos de cooperação. Há quatro anos, quando o dinheiro foi autorizado, Bruxelas considerava que as desigualdades no Brasil ainda justificavam as medidas. Em um documento de 2007 para justificar os gastos no Brasil, o bloco ainda dizia que os desafios enfrentados pelo País eram significantes, inclusive na proteção ambiental.

Naquele ano, Bruxelas concordou em destinar 42 milhões a projetos de aproximação com o Brasil. Desse total, 30 milhões seriam destinados a bolsas para o intercâmbio de estudantes brasileiros na UE. Mas essa ajuda secará depois de 2014. Para a proteção ambiental, a UE destina até 2013 18 milhões. Mas, com a posição da chanceler Angela Merkel de que o Brasil deve limitar suas emissões de CO2 da mesma forma que os países ricos, a ajuda já não faria sentido.

Simbolismo. Parte do problema é de caixa, já que o bloco enfrenta pressões para equilibrar seu orçamento. Mas a motivação política é o que explica a decisão. Para o comissário de Desenvolvimento da UE, Andris Piebalgs, a mudança no destino dos fundos revela uma vontade de “mudar nossas relações com os grandes países emergentes”.

A decisão foi tomada no âmbito da revisão da política externa da UE, que considera que as potências emergentes já rivalizam com a Europa no cenário global.

A UE é um dos maior doadores do mundo, com 11 bilhões por ano. O volume não deve cair, mas o dinheiro para os Brics vai secar. Os sul-africanos recebiam 980 milhões da UE e, partir de 2014, estarão fora das prioridades. O mesmo ocorrerá com os 470 milhões para a Índia e os 170 milhões para China.

No caso do Brasil, o volume não é considerado significativo. Mas diplomatas apontam que o fim da ajuda tem um simbolismo importante. Se o Brasil quer ser tratado como um país grande, isso significa que o governo deve assumir suas responsabilidades, internas e externas.

A decisão anunciada ontem foi duramente criticada por agências de cooperação, que acusam a UE de fazer política com a ajuda ao desenvolvimento. “A UE precisa garantir que a ajuda está sendo dada à população mais pobre”, disse Sarah Kristine Johansen, da Concord, entidade que representa 1,6 mil Ongs. Segundo ela, usar dados macroeconômicos não mostra a realidade da pobreza em alguns países.

Fonte: Estadão

+ sobre o tema

Dilma afirma que MST não será tratado como caso de polícia

A presidente eleita, Dilma Rousseff, disse nesta quarta-feira (3/11)...

Portal ajuda empregador doméstico a cumprir obrigações trabalhistas

Empregadores podem gerar contracheques, recibos de salário, folhas de...

Ministro defende ‘busca ativa democrática’ contra ideologia da mídia

Em debate no Fórum Social, Gilberto Carvalho (Secretaria Geral)...

Mulheres são as maiores vítimas da pandemia no mercado de trabalho

Em termos gerais, toda a população sofre com as...

para lembrar

Projeto acolhe mães com HIV e busca reduzir transmissão para filhos em SP

Vera (nome fictício), 40, soube ser portadora de HIV, causador...

Escravidão não é só algema e açoite, diz procuradora do Trabalho

“Inconstitucional”, “um desastre” e “um retrocesso inimaginável”. Essas foram...

Como maternidades brasileiras estão conseguindo reduzir taxa de cesáreas

Há anos o Brasil vinha tentando implementar medidas para...

O que será dos profissionais de saúde que distorcem a ciência?

A semana de sofrimento e morte promovida em Manaus...
spot_imgspot_img

Vírus altamente contagioso tem sido o principal responsável pelos casos de infecções respiratórias em crianças

Um vírus altamente contagioso tem sido o principal responsável pelos casos atuais de infecções respiratórias em crianças. Primeiro, a Valentina foi parar na UTI. Agora,...

CNU: saiba como conferir local de prova do ‘Enem dos concursos’

O governo divulgou, nesta semana, o cartão de confirmação de prova do CNU (Concurso Nacional Unificado) com a informação sobre o local de prova...

Vacinação da gripe é ampliada para todas as pessoas acima de seis meses de idade

O Ministério da Saúde ampliou a vacinação da gripe para pessoas acima de seis meses de idade. A medida passa a valer nesta quarta-feira (1º). Antes,...
-+=