A emergência dos negros franceses – “Noirs”

A emergência dos negros franceses – “Noirs”

 

Negro britânico, zwart e afro-alemão é algo muito normal de se dizer quando não se é francês.  No entanto, até recentemente, dizer na França “noirs” ou “negros”  significava procurar encrenca.  Recentemente os negros na França se deram conta de que viviam numa condição em que o mantra da igualdade, um dos princípios fundadores da República, para eles não funcionava.  O historiador negro francês Pap Ndiaye escreveu um livro sobre o problema, intitulando-o “La condition noire”, “A condição negra”. .

Ndiaye explica, numa entrevista, o que significa esta condição: “A condição negra, na França, é uma maneira de sentir-se francês, ao mesmo tempo em que se é considerado como não francês.  Se você for negro, a maioria das pessoas, em Paris, lhe perguntará de onde é que você vem.  É um jeito de lhe dizer: você deve ser de um outro lugar.  Você não deve ser francês”.

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Pap Ndiaye, historiador francês e professor associado da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, chamou ampla atenção para o corrente debate sobre a diversidade e a representação, na França, com seu livro “La condition noire: essai sur une minorité française’ ,”A condição negra: ensaio sobre uma minoria francesa”. Ndiaye (1965) tem pai senegalês e mãe francesa. .

Pap Ndiaye é membro do Le Capdiv, Le Cercle d’Action pour la Promotion de la Diversité en France (Círculo de Ação para a Promoção da Diversidade na França).

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Black Worlds University

Le Cran

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Esta introdução explica os antecedentes franceses.

Até recentemente, categorias raciais e étnicas eram oficialmente um tabu na França, embora circulassem camufladamente e com amplitude na mídia e no discurso político sobre a “integração” de minorias de imigrantes.  Em anos recentes, homens e mulheres de cor começaram a se mobilizar como “noirs” (negros) de um modo até então sem precedentes na França.  Pap Ndiaye argumenta que a invisibilidade oficial dos negros franceses, mais do que ser a consequência lógica e pacífica de sua integração à sociedade francesa, pode ser analisada como consequência de processos discriminatórios.

No nível acadêmico, a situação é um tanto semelhante.  Na França, existem publicados mais livros e artigos sobre afro-americanos do que sobre povos afro-franceses ou afro-caribenhos.  Com efeito, a história afro-americana é um campo de estudos bem estabelecido na França.  Em contraste, estudos sobre imigrantes africanos, estudantes africanos, funcionários públicos de Guadalupe etc., são raros e não existe praticamente nada sobre os “negros franceses”, como se isto não possuísse legitimidade ou significado para descrever situações sociais passadas e contemporâneas.

A situação muda lentamente, na medida em que mais e mais franceses se dão conta da existência de uma apreciável minoria negra, com problemas e necessidades específicas.  O professor Ndiaye estuda as razões pelos quais esta história foi tão negligenciada, enfatizando motivos ideológicos, políticos e acadêmicos.  Ele discute também a legitimidade do conceito de “negros franceses” e analisa a recente ascensão de organizações negras na França.

Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

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