Não basta ter
A pele preta, o cabelo crespo.
É preciso tornar-se.
Como vamos nos sentir,
Reconhecer-nos
Se não nos tornarmos o que somos?
Perceba-se!
Perceba a sociedade em que vives.
Perceba as estruturas.
Elas produziram,
Criaram, fomentam e
Reproduzem…
Racismo, segregacionismo,
Xenofobismo, machismo,
Homofobia e outros tais,
Fatores limitantes a nós impostos.
Mazelas sentidas
No corpo e na alma,
Dilacerados por tanto ódio, desumanidade,
Desamor, horror.
Não há como se esconder,
Fingir ou fugir.
Problemas, aliás…
Enfrenta-se!
Com consciência, lucidez,
Coragem, força;
Com unidade, fé
E competência.
É preciso tornar-se
Negra, negro.
Torne-se!
Assim a gente vai se entendendo,
Se amando, se respeitando e,
Ao mesmo tempo, ir…
Criando.
Força, coragem,
De dentro para fora e
Fazer ecoar os nossos pensamentos,
Sentimentos, vozes e trabalhos.
Torne-se negra, negro,
Independente das dores que lhe aplacarão.
Torne-se!
Na caminhada da lida,
Da luta nos encontraremos,
Sentir-nos-emos,
Reconhecer-nos-emos.
Surgirá um sonoro e afetuoso
“Eu te sinto, te entendo, te acolho, te recebo”
E vivenciaremos de fato a Diáspora Africana.
Referências:
RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista. 1º edição – São Paulo, Companhia das Letras, 2019.
SOUZA, Neusa. Sousa. Tornar-se negro ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1990.
** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.