A luta de Martin Luther King ganha adaptação em quadrinhos

Recém-lançado no país pela editora WMF Martins Fontes, “Vejo a terra prometida” traz uma reconstituição da história de Martin Luther King (1929 – 1968) e de sua luta contra a segregação dos negros nos Estados Unidos, durante a década de 1960.

Unindo as tradições indianas de contar histórias por meio de imagens, a obra aproxima a arte bengalesa de pintura de pergaminhos da narrativa dos quadrinhos. Uma fusão de linguagens que se serve como material didático interessante sobre alguns dos capítulos mais cruéis da história do mundo moderno.

Os responsáveis pelo livro são Arthur Flowers, artista performático com histórico de envolvimento com movimentos negros nos EUA; Manu Chitrakar, artista bengalês, mestre na tradicional arte patuá; e Guglielmo Rossi, designer italiano radicado em Londres.

A obra é composta por frases e diálogos soltos ou reunidos em boxes que dão uma estrutura ágil ao texto, em um processo que envolve o leitor o tempo todo. Além disso, a narrativa busca enfatizar um clima repleto de olhares, que o medo e as indecisões da época exigiram.

O livro também foca os momentos de derrota e de indecisão vividos por Luther King. Sobretudo, o clima de revolta e violência, a partir da presença de personagens negros, indianos e da Ku Klux Klaners. Esta última consistia em uma organização racista norte-americana que defendia a “supremacia ariana” e o cristianismo ultraconservador (padrão conhecido também como WASP) em detrimento de outras religiões.

Experiência

Arthur Flowers participava de um festival na Índia quando recebeu o convite para integrar o projeto e criar uma graphic novel sobre a vida do líder negro Martin Luther King. Para Flowers, é necessário adaptar trajetórias como a de Luther King, para que as novas gerações conheça quem de fato rompeu barreiras e contribuiu de fato com a história da humanidade.

Seu trabalho chama a atenção pelo formato escolhido. Ainda que as biografias em quadrinhos não sejam raras, a ideia de juntar uma arte tradicional ao gênero deve interessar aos aficionados para além do conteúdo da história.

O ativista e a luta

O pastor Martin Luther King Jr.tornou-se um dos principais símbolos progressistas dos anos 60. Foi uma figura-chave na luta contra a discriminação aos negros, a partir dos EUA. Em 1954, ele liderou um forte boicote contra a segregação racial, movimento que durou quase um ano.

Em 1963, Luther King conseguiu mobilizar mais de 200 mil pessoas para uma marcha civil pelo fim da segregação, em Washington. Nesta ocasião proferiu seu discurso mais conhecido, “Eu Tenho um Sonho”. Dessas manifestações, nasceram as bases para uma nova Lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965.

Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No início de 1967, Luther King uniu-se aos movimentos civis contra a Guerra do Vietnã. Em abril de 1968, foi assassinado a tiros por um opositor, num hotel na cidade de Memphis, onde apoiava uma greve de coletores de lixo.

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(Foto: Reprodução/ WMF Martins Fontes, “Vejo a terra prometida”)

 

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(Foto: Reprodução/ WMF Martins Fontes, “Vejo a terra prometida”)

QUADRINHOS

Vejo a terra prometida

Arthur Flowers, Manu Chitrakar e Guglielmo Rossi

WMF MARTINS FONTES

2011

144 PÁGINAS

R$ 44

TRADUÇÃO: Marcelo Brandão Cipolla

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