por Vinícius Soares Enviado para o Portal Geledes via Guest Post
Eu sou o que você ta vendo
não tente me modificar.
sou preto
sou pobre
sou favela.
eu me olho no espelho
e a cada dia que passa
sinto mais orgulho do que sou
sinto mais orgulho de onde eu vim.
o teu olhar de indiferença
faz aumentar minha indignação
como podes me olhar de lado,
sendo tu o verdadeiro ladrão?
O pão que enche tua mesa
vem do suor do meu pai
quem é o vagabundo aqui, rapaz?
na tua área não posso chegar
se passo na tua calçada
tem que ter cuidado
porque teu carro eu posso roubar
agora vem cá
como eu posso ser o vilão,
Se sou eu que luto pela liberdade
e você pela opressão?
A polícia não para pra te abordar.
sou negro da favela
olha que ironia
a mesma praia que meus ancestrais chegaram acorrentados
é a mesma que eu não posso entrar.
liberdade? cadê?
nunca vi
nunca provei
só ouço falar.
A tua janela é vista para o mar
na minha eu não posso nem chegar perto
é tiro,
abaixa,
uma bala perdida pode me matar.
tu tem medo?
de quê? de quem?
agora me responde mais uma vez
quem é que deve temer quem?