“Aconteceu de novo! Mais uma mulher foi agredida e dessa vez fui eu”

Professora não responde cantada e apanha

A professora de português Brunna Dias Ribeiro conta que voltava da Universidade Federal do Pernambuco, em Recife, para casa, quando um rapaz a cantou, repetidamente. “Morena gostosa! Morena linda!”, disse um deles. Sem resposta, ele voltaria, sem sucesso, a tentar chamar sua atenção: “Não vai me responder?”.

no Catraca Livre

Brunna disse que preferiu não responder ao assédio, e que dois outros rapazes que acompanhavam o agressor começaram a rir da rejeição ao amigo. Conta, ainda, que o agressor se aproximou por trás e que, antes que pudesse perceber, acertou a lateral de seu olho, perto do rosto.

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Aconteceu de novo. Mais uma mulher foi agredida e dessa vez fui eu. Atacada e assaltada. Estava nas imediações da praça do derby na tarde de hoje, caminhando, quando meu caminho se cruza com o de três rapazes e um deles resolve soltar “gracinhas” para mim. Aquelas “gracinhas” normais, coisa de homem, sabe? Só que não! Coisa de macho escroto e machista, que acha que a mulher tem que responder e gostar dessas nojeiras. O deixei falando sozinho e segui em frente, não respondendo às gracinhas. Ele não se contentou e me abordou, se aproximou de mim e me deu um soco muito forte no rosto. Caí no chão. Ele achou pouco e me bateu novamente. Sacudiu todo o conteúdo da minha bolsa no chão, roubou todo o dinheiro que estava na minha carteira e depois saiu correndo com os outros dois rapazes. Ninguém fez nada. Ninguém me ajudou. Estava sozinha e atônita. Absolutamente sozinha, no chão e juntando todas as minhas coisas. Só lembro de ter ouvido um dos rapazes gritar: “ei, meu irmão, tas doido, é?”. A sensação de impotência é absoluta. Já estamos “acostumadas” a receber esse tipo de gracinha, não imaginava que ele iria tão longe, mas isso acontece todos os dias. Todo santo dia algum homem passa dos limites e agride ou mata uma mulher. Todo santo dia a gente assiste calado ao vizinho que bate na mulher, ao sobrinho que grita com a namorada, ao pai que bate na esposa. Todo santo dia. E eu to cansada dessa merda toda! E essa foi a minha vez. Não me sinto mais segura em nenhum lugar dessa cidade. Não me sinto segura com homem nenhum.

Caída no chão, teria levado novo golpe, perto da boca. Irado, Brunna relatou que o agressor pegou sua bolsa, jogou tudo o que tinha dentro dela no chão e levou os R$ 70 que encontrou.

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“Eu me espantei com a repercussão do meu post, muito porque as pessoas dizem que, além de roubada, fui agredida. Não foi isso que aconteceu. Eu fui cantada e, como não correspondi, fui agredida e depois roubada. É por causa dessa cultura que acha normal esse tipo de coisa que essas violências continuam acontecendo”, protestou Brunna.

A jovem, que registrou ocorrência pela internet, neste sábado, 10, diz que seu grande choque foi a falta de ação das pessoas que presenciaram a cena. “Ninguém fez nada. Cheguei a ver um homem passar bem do lado e não fazer nada. Como ver uma covardia como essa e não fazer nada?”.

“Não quer continuar vivendo numa sociedade em que dizer “psiu” para uma mulher é normal ou mesmo toca-la, por qualquer desculpa que seja. Não existe justificativa até porque, no meu caso, eu estava completamente vestida, de calça jeans e blusa alta. O machismo venceu”, completou ela.

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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