Advogada e radialista de Campo Grande que sofreu agressões por racismo terá primeira audiência nesta terça

Nesta terça-feira (17) a bacharel em direito e radialista Marinalva Aparecida Pereira Barbosa, 51 anos, participará da Audiência Preliminar do processo que ela move por ter sofrido agressão física no dia 8 de junho de 2011 durante um acidente de trânsito.

Segundo a denúncia que ela fez à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), na data citada ela foi agredida no trânsito durante um acidente, no bairro Vilas Boas – região leste de Campo Grande.

A vítima diz acreditar que ela sofreu as agressões por racismo. “Isso foi um absurdo. Tenho certeza que isso só aconteceu porque sou mulher e ‘negona’. Essa é a verdade”, desabafa.

Marinalva conta que também procurou a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Conselho de Defesa da Mulher Negra.


Veja o caso

Radialista denuncia agressão no trânsito da Capital por ‘ser mulher e negra’

25/06/2011

A bacharel em direito e radialista Marinalva Aparecida Pereira Barbosa, 51 anos, denunciou à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) no dia 8 de junho que foi agredida no trânsito durante um acidente, no bairro Vilas Boas – região leste de Campo Grande. “Isso foi um absurdo. Tenho certeza que isso só aconteceu porque sou mulher e ‘negona’. Essa é a verdade”, desabafa.

Marinalva, que já recebeu vários prêmios por seus trabalhos e foi homenageada pela Câmara Municipal neste ano pelo dia da Consciência Negra, contou à equipe do jornal Midiamax que estava saindo do seu local de trabalho que fica na Avenida Zahran, no bairro Vilas Boas, quando se deparou com um acidente de trânsito envolvendo dois motociclistas.

“Os policias da Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) estavam orientando o local e mandando a gente abrir espaço para a viatura do Corpo de Bombeiros. O acidente foi na via, no sentido oeste/leste, por isso, de um lado tinha o canteiro e do outro a calçada, e por lá que eu passei junto com outros motoristas”.

Ela lembra que o carro dela foi o último a passar por cima da calçada da empresa Alumetal e que foi cercada pelos trabalhadores do local.

“Estava passando devagar, até mesmo porque tinha um acidente ali do lado. De repente um dos funcionários bateu as mãos em cima do meu capô e outro deu um tapa na minha nuca e depois mandou eu descer. Eles gritavam que já tinham dito que ‘não era para passar por ali’, mas como eu ia saber disso? E outra, não é por isso, que eles tem o direito de sair batendo nos outros”.

A radialista conta que saiu do carro e pediu “socorro” para a Ciptran, quando foi empurrada contra o veículo, por um homem identificado como “Rogério”, que disse ser um dos sócios da empresa. “Ele percebeu que a polícia estava vindo na nossa direção para saber o que estava acontecendo, quando gritou que não era nada. Antes de encostar em mim de novo, outra pessoa falou: ‘cuidado, ela é jornalista e advogada’. Com isso, ele e os demais entraram no imóvel e fecharam as portas do estabelecimento”.

“Equipes do 1º BPM (Batalhão da Polícia Militar) foram até o local e bateram na porta, mas ninguém abriu. Então fui encaminhada a Deam para registrar o crime. Eles até agora não compareceram a delegacia e nem me procuraram para dar alguma satisfação”.

Marinalva conta que deve procurar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Conselho de Defesa da Mulher Negra para fazer a denúncia ainda hoje. Além disso, pediu uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir o assunto.”Mulheres são humilhadas no trânsito o tempo todo, principalmente por xingamentos e esta violência tem que acabar”, enfatiza.

Um dos homens envolvidos na agressão foi descrito como tendo 1,65 metro de altura, porte físico forte e estava com uniforme da empresa. Já o outro, tinha 1,60 metro, cabelos grisalhos, aparência de 50 anos e estava com um jaleco branco.

A equipe do jornal Midiamax tentou entrar em contato com a empresa denunciada pela radialista, porém ninguém atendeu as chamadas telefônicas.

 

 

Fonte: Miramax

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