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    Benny Briolly (PSOL-RJ) foi vítima de transfobia no plenário da Câmara de Niterói (RJ) Imagem: Rafael Lopes/Divulgação

    Vereadora sofre transfobia: “É roubar nossa dignidade não usar nome social”

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    Mães e gestantes negras na pandemia de covid-19: O desafio está ainda maior

    Ana Fontes, criadora do Instituto Rede Mulher Empreendedora e da iniciativa "Heróis Usam Máscaras", que distribuiu 12 milhões de máscaras na pandemia - Foto: Renato Stockler

    ‘Recuperação econômica passa por investir em mulheres e estado não olha para elas’, diz finalista do Prêmio Empreendedor Social

    A jornalista e comentarista da CNN Brasil Basília Rodrigues (Foto: Divulgação/ CNN)

    Se fosse loira e de olhos azuis, você não estaria enchendo o saco dela

    Gabriela Souza (Foto: Reprodução/ Facebook)

    Casos Samuel e Saul Klein: violência de gênero também se aprende em casa

    Getty Images

    A saúde mental de trabalhadoras após um ano de pandemia

    Polícia Civil do Rio de Janeiro resgatou idosa em condição análoga à escravidão nesta semana | Foto: Divulgação/Imagem retirada do site Sul 21

    Na pandemia, aumentam denúncias de empregadas domésticas mantidas em cárcere privado

    Imagem: POLONEZ/SHUTTERSTOCK

    Mulheres de favelas sofrem com dificuldade de acesso a programas contra violência doméstica

    Decretos que facilitam acesso à armas de fogo são vetados por ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber Foto: arte de André Mello

    Feminicídio terá aumento expressivo se STF revogar decisão de Rosa Weber sobre armas, analisam especialistas

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      Joey Bada$$ e Andrew Howard em cena de 'Dois Estranhos', da Netflix - Divulgação/Netflix

      ‘Dois Estranhos’ mostra que pretos são alvos não importa o que façam

      Bianca Santana, jornalista, cientista social e pesquisadora - Foto: Bruno Santos/Folhapress

      Assa-peixe

      Foto: Reprodução/Instagram

      ‘A fama e o poder não me livraram de sofrer com o racismo’, diz Ludmilla

      Amarilis Costa (Foto: Arquivo Pessoal)

      Pesadelo do Dia da Foto

      Eduardo Pereira da Silva é juiz Federal em Goiânia (Arquivo Pessoal)

      Eduardo Pereira da Silva: Breve nota sobre o direito de defesa

      Vacinação completou dois meses em São Paulo | Magno Borges/Agência Mural

      São Paulo vacinou 3 vezes mais pessoas identificadas como brancas do que negras

      Atila Roque (Foto: Reprodução Fopir/Youtube)

      Setor privado tem oportunidade histórica para romper pacto racista

      Concurso visa à propagação do debate contra todas as formas de discriminação (Foto: Michelle Tantussi/Efe)

      Enajun seleciona artigos sobre questão racial e antidiscriminatória

      (Foto: @ Artsy Solomon/ Nappy)

      Eu e a Outra: experiências de racismo, sexismo e xenofobia

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      A população negra é a maior vítima da violência no Brasil (Getty Images)

      Brasil é ‘racista’ e parece executar ‘indesejados’ com conivência da Justiça, diz Comissão Interamericana da OEA

      Ivanir Dos Santos (Foto: Arquivo Pessoal)

      Ivanir dos Santos: Ainda há esperança em prol da tolerância

      Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper

      Brasil segue no topo de ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo

      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

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        Primeiro dia do circuito comercial do documentário "O Caso do Homem Errado" Imagem: Reprodução/Facebook

        Um casulo, diversas borboletas e muitos conteúdos nacionais

        Chadwick Boseman: Portrait of an Artist (Reprodução/Youtube)

        Ator de Pantera Negra, Chadwick Boseman ganha documentário da Netflix

        Foto: Imagem retirada do site HQ's com Café

        Livro: Negritude, Poderes e Heroísmos

        Foto: Duda Viana

        Cia. do Despejo faz crítica à necropolítica brasileira na videoarte online ‘IRETI’, inspirada na mitologia Iorubá

        O escritor Ousman Umar - Foto: Cadena Ser

        Enviar arroz à África nunca vai conter a migração para a Europa, diz escritor de Gana

        Dona Ivone Lara (Foto: André Seiti)

        Itaú Cultural celebra as primeiras 50 exposições da série Ocupação em publicação com textos de artistas contemporâneos sobre homenageados

        Historiadores vêm tentando resgatar a trajetória de pessoas negras escravizadas na época colonial a partir de um amplo leque de documentos da época (Getty Images)

        A luta de um homem negro pela liberdade entre Caribe, Brasil, África e Europa

        Milton Nascimento é tema de longa-metragem que será realizado pela produtora Gullane — Foto: Instagram/Reprodução

        Milton Nascimento anuncia que será produzido filme sobre trajetória dele

        Celeste (Foto: Sergione Infuso/Corbis/Getty)

        7 canções para conhecer Celeste, indicada ao Oscar 2021 por “Hear My Voice,” [LISTA]

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            Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

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              Agostinho Neto

              10/05/2009
              em Africanos
              Tempo de leitura: 14 mins read
              A A

              Agostinho Neto (Foto: Imagem retirada do site Lusofonia Poética)

              Agostinho Neto (Foto: Imagem retirada do site Lusofonia Poética)

              Agostinho Neto foi o primeiro presidente de Angola (1975-1979), após a independência desta de Portugal. Nasceu em Bengo em meio a uma família metodista – seu pai era pastor. Envolveu-se com grupos anticolonialistas quando estudava medicina em Portugal. Poeta nacionalista, seus escritos foram proibidos e esteve preso de 1955 a 1957 e outra vez, já em Angola, de 1960 a 1962. Conseguiu fugir para o Marrocos e posteriormente fundou o MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, de tendência marxista. Conquistada a independência de Angola em 1975, o novo governo dirigido pelo MPLA, contando com o apoio de Cuba, entrou em choque com grupos de direita, apoiados pelos EUA e pelo governo racista sul-africano.

              – Fonte: Portal São Francisco –

               

              (Foto: Imagem retirada do site DW)

              ANTÓNIO AGOSTINHO NETO nasceu a 17 de Setembro de 1922, na aldeia de Kaxicane, região de Icolo e Bengo, a cerca de 60 km de Luanda. O pai era pastor e professor da igreja protestante e, tal como sua mãe, era igualmente professora. Após ter concluído o curso liceal em Luanda, Neto trabalhou nos serviços de saúde. Viria a tornar-se rapidamente uma figura proeminente do movimento cultural nacionalista que, durante os anos quarentas, conheceu uma fase de vigorosa expansão.

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              Imagem retirada do site DW

              Kimpa Vita: A profetisa da unidade

              19/08/2020

               

               

              Decidido a formar-se em Medicina, Neto pôs de lado parte dos seus magros proventos durante vários anos e, foi com essas economias que embarcou para Portugal em 1947 e se matriculou na Faculdade de Medicina de Coimbra. Não havia uma única instituição de ensino superior na Colónia. O estudante que pretendesse continuar os seus estudos via-se forçado a fazê-lo à custa de grande sacrifício e tinha de alcançar um notável status académico em condições de pobreza e discriminação racial extremamente difíceis. Estudando primeiro em Coimbra e posteriormente em Lisboa, foi-lhe concedida uma bolsa de estudos pelos Metodistas Americanos dois anos depois da sua chegada à Portugal.

              Cedo se embrenhou em atividades políticas e experimentou a prisão pela primeira vez em 1951, ao ser preso quando reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo.

              Retomando as atividades políticas após a sua libertação, Neto tornou-se representante da Juventude das colónias portuguesas junto de um movimento da juventude portuguesa, o MUD juvenil. E foi no decurso de um comício de estudantes a que assistiam operários e camponeses que a PIDE o prendeu pela segunda vez.

              Preso em Fevereiro de 1955, só veio a ser posto em liberdade em Junho de 1957.

              Por altura da sua prisão em 1955 veio ao lume um opúsculo com os seus poemas. Entretanto, certos poemas que descreviam as amargas condições de vida do Povo angolano e a fervente crença do poeta no futuro haviam já atravessado, anos antes, o muro de silêncio que Portugal erguera em torno da repressão que exercia sobre os democratas e dos crimes brutais que se perpetravam nas colónias.

              O caso da prisão do poeta angolano desencadeou uma vaga de protestos em grande escala. Realizaram-se encontros; escreveram-se cartas e enviaram-se petições assinadas por intelectuais franceses de primeiro plano, como Jean-Paul Sartre, André Mauriac, Aragon e Simone de Beauvoir, pelo poeta cubano Nicolás Gullén e pelo pintor mexicano Diogo Rivera. Em 1957 foi eleito Prisioneiro Político do Ano pela Amnistia Internacional.

              Em 10 de Dezembro de 1956 fundaram-se em Angola vários movimentos patrióticos para formar o MPLA, Movimento Popular para Libertação de Angola, o movimento que lançaria a luta armada do povo angolano contra um Portugal fascista e obstinado, cujas estruturas económicas e sociais eram demasiado obsoletas para permitir a aplicação das soluções neocolonialistas procuradas noutros lugares. Começando por se organizar nas áreas urbanas, entre os operários e intelectuais progressistas, o MPLA viria a mostrar em breve as suas notáveis flexibilidade e capacidade de adaptação às exigências do momento quando passou à luta armada, criando um exército do povo para conduzir uma guerra que o poeta viria a chefiar.

              Em 1958, Agostinho Neto doutorou-se em Medicina e, casou no próprio dia em que concluiu o curso. Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do clandestino Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos das diversas colónias portuguesas.

              Neto voltou ao seu País, com a mulher, Maria Eugénia, e o filho de tenra idade, em 30 de Dezembro de 1959. Ocupou, então, a chefia do MPLA em território angolano e passou a exercer a medicina entre os seus compatriotas. Muitos membros do Movimento tinham sido forçados ao exílio nos anos que antecederam o seu regresso à Angola, tendo estabelecido um quartel-general próprio em Conacry, na independente República da Guiné, donde podiam informar um mundo ainda em larga medida ignorante da situação em Angola.

              Sucederam-se novas prisões em Julho de 1959, incluindo a de Ilídio Machado, o primeiro presidente do MPLA, um dos réus do célebre julgamento dos Cinquenta, julgamento militar secreto em que foram aplicadas severas penas à destacados militantes do MPLA, alguns dos quais foram julgados na ausência, dado que haviam já optado pelo exílio.

              Em 8 de Junho de 1960, o director da PIDE veio pessoalmente prender Neto no seu Consultório em Luanda. O que se seguiu foi um exemplo típico da brutalidade assassina praticada pelas autoridades fascistas. Uma manifestação pacífica realizada na aldeia natal de Neto em protesto contra a sua prisão foi recebida pelas balas da polícia. Trinta mortos e duzentos feridos foi o balanço do que passou a designar-se pelo Massacre de Icolo e Bengo.

              Receando as consequências que podiam advir da sua presença em Angola, mesmo encontrando-se preso, os colonialistas transferiram Neto para uma prisão de Lisboa e, mais tarde enviaram-no para Cabo Verde, para Santo Antão e, depois para Santiago, onde continuou a exercer a medicina sob constante vigilância política. Foi, durante este período, eleito Presidente Honorário do MPLA.

              Na altura que mereceram as honras das primeiras páginas dos jornais as notícias da captura, no oceano Atlântico, de um navio português, o Santa Maria, por um grupo de democratas portugueses chefiado por Henrique Galvão, ex-funcionário colonial que acabava de escapar à prisão em Portugal! E que havia denunciado a existência de trabalhos forçados em Angola num fulminante relatório escrito em 1961. Correu o boato de que o navio rumava à Luanda, boato esse que levou à capital angolana grande número de jornalistas estrangeiros. Os militantes do MPLA que operavam clandestinamente em Luanda decidiram fazer coincidir a sua planeada acção para libertar os prisioneiros políticos com a presença desses jornalistas, no intuito de atrair as atenções do mundo para a dolorosa operação ao domínio português na colónia de Angola.

              Puseram o seu plano em prática. As primeiras horas do dia 4 de Fevereiro de 1961, as prisões de Luanda foram assaltadas por homens munidos de catanas armas de fogo, algumas das quais capturadas durante um ataque realizado antes contra um Jeep da polícia. Se bem que os assaltantes não tivessem conseguido os seus intentos, este acto de coragem dirigido contra os baluartes da opressão foi a primeira salva da luta armada que alastraria pelo território angolano, conduzida pela determinação de homens e mulheres preparados para superar todas as dificuldades e que, neste momento, já dura há mais tempo do que qualquer luta armada em África.

              À esta explosão sucedeu uma repressão brutal. Bombardearam-se aldeias, e aqueles habitantes que conseguiram fugir foram metralhados e atacados com napalm. O número total das vítimas tem sido calculado entre vinte e trinta mil, mas pode muito bem ter sido superior, dado que as autoridades coloniais nunca se preocuparam com manter um recenseamento exacto da população africana. Espalhando o terror, as autoridades fascistas mataram e mataram recorrendo a métodos tão horrendos como o agrupar pessoas e passar-lhes um bulldozer por cima. Nas áreas urbanas, a sua acção tinha por objectivo a liquidação dos africanos instruídos, os ditos assimilados, receando que estes elementos assumissem a direcção das massas.

              Algumas fotografias conseguiram chegar à imprensa estrangeira, de entre as quais merece especial referência uma que foi inserta em diversos jornais (por exemplo, no Afrique Action, semanário que se publica em Tunes). Nessa fotografia, um grupo de jovens soldados portugueses sorriam para a câmara, segurando um deles uma estaca em que foi espetada a cabeça de um angolano. O horror transmitido por esta fotografia despertou muitas consciências para os crimes nefandos que se perpetravam em Angola. Foi precisamente por mostrar esta fotografia a alguns amigos em Santiago (Cabo Verde) que Neto foi preso na cidade da Praia e transferido depois para a prisão de Aljube em Lisboa aonde deu entrada em 17 de Outubro de 1961.

              FOTO: Acervo MPLA/Divulgação

              Acima de tudo, o MPLA lançou uma implacável campanha em prol da sua libertação, apelando para a solidariedade mundial para com Neto e todos os prisioneiros políticos angolanos.

              Sob esta forte pressão, as autoridades fascistas viram-se obrigadas a libertar Neto em 1962, fixando residência em Portugal. Todavia, pouco tempo depois da saída da prisão, a eficaz organização do MPLA pôs em prática um plano de evasão e Neto saiu clandestinamente de Portugal com a mulher e os filhos pequenos, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha ao tempo a sua sede exterior, em Julho de 1962. Em Dezembro desse ano, foi eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento.

              Agostinho Neto na África de expressão portuguesa é comparável à Léopold Senghor na África de expressão francesa.

              Presidente Neto lança-se numa intensa actividade desde 1963, já eleito Presidente do MPLA, quer no interior, quer no exterior do País. Dirigiu pessoalmente as relações diplomáticas do Movimento, podendo assim visitar numerosos países e contactar grandes dirigentes revolucionários que nele reconheceram sempre o guia esclarecido de um povo heróico e generoso, que travava uma guerra justa pela independência nacional, pela Democracia e pelo Progresso Social.

              Com a “Revolução dos Cravos” em Portugal e a derrocada do regime fascista de Salazar, continuado por Marcelo Caetano, em 25 de Abril de 1974, o MPLA considerou reunidas as condições mínimas indispensáveis, quer a nível interno, quer a nível externo, para assinar um acordo de cessar-fogo com o Governo Português, o que veio a acontecer em Outubro do mesmo ano.

              Presidente Neto regressou à Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo da mais grandiosa manifestação popular de que há memória em Angola. Dirige, pessoalmente, a partir desse momento toda a acção contra as múltiplas tentativas de impedir a independência de Angola, proclamando a Resistência Popular Generalizada.

              E a 11 de Novembro de 1975, após 14 anos de dura luta contra o colonialismo e o imperialismo, o Povo Angolano proclamou pela voz do Presidente Neto a independência Nacional, objectivo pelo qual deram a vida tantos e tão dignos filhos da Pátria Angolana, tendo sido nessa altura investido no cargo de Presidente da República Popular de Angola.

              Ao intervir no acto da proclamação da Independência, o Presidente Neto sintetizou claramente quais as meta e meios para as materializar, definindo como objectivo estratégico a construção de uma nova sociedade sem exploradores nem explorados.

              O Processo de Reconstrução Nacional nos domínios político, económico e social com vista à melhoria das condições de vida de todo o Povo Angolano, a concretização das suas aspirações mais legitimas, tornou-se então a preocupação fundamental da direcção do País, que firmemente aponta como facto decisivo o papel do trabalho de todo o Povo na criação das bases materiais e técnicas para a construção do Socialismo. Em Dezembro de 1977, funda-se então o Partido de Vanguarda, o MPLA – Partido do Trabalho.

              A figura de Neto, como militante total, corajoso revolucionário e estadista eminente não se limita às fronteiras de Angola. Ela projecta-se no contexto africano e mundial, onde a sua prática e o seu exemplo servem de impulso à luta dos Povos que, no Mundo, estão ainda submetidos à humilhação, ao obscurantismo e à exploração.

              Assim é que, nas tribunas internacionais a voz de Neto nunca deixou de denunciar as situações de dominação colonial, neocolonial e imperialista, pela Libertação Nacional, a favor da independência total dos Povos, pelo estabelecimento de relações justas entre os países e pela manutenção da paz como elemento indispensável ao desenvolvimento das nações.

              Agostinho Neto foi também um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações culturais tinham de ser, antes de mais, a expressão viva das aspirações dos oprimidos, armas para a denúncia de situações injustas, instrumento para a reconstrução da nova vida.

              A atribuição do Prémio Lótus, em 1970, pela Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos e outras distinções atribuídas a algumas das suas obras de poesia, são mais um reconhecimento internacional dos seus méritos neste domínio.

              Também na República Popular de Angola, a eleição de Neto como Presidente da União dos Escritores Angolanos cuja proclamação assinou, traduz a justa admiração dos homens de letra do jovem País, pelo seu mais destacado membro, que tão magistralmente encarou a “SAGRADA ESPERANÇA” de todo o povo

               

              Obra literária

              Fonte: www2.ebonet.net –

              Poesia
              1957 Quatro Poemas de Agostinho Neto, Póvoa do Varzim, e.a.
              1961 Poemas, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império
              1974 Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da Costa (inclui os poemas dos dois primeiros livros)
              1982 A Renúncia Impossível, Luanda, INALD (edição póstuma)
              Política
              1974 – Quem é o inimigo… qual é o nosso objectivo?
              1976 – Destruir o velho para construir o novo
              1980 – Ainda o meu sonho
              Fonte: pt.wikipedia.org

              Poemas

              – Fonte: betogomes.sites.uol.com.br –
              Voz do sangue
              Palpitam-me
              os sons do batuque
              e os ritmos melancólicos do blue
              Ó negro esfarrapado do Harlem
              ó dançarino de Chicago
              ó negro servidor do South
              Ó negro de África
              negros de todo o mundo
              eu junto ao vosso canto
              a minha pobre voz
              os meus humildes ritmos.
              Eu vos acompanho
              pelas  emaranhadas áfricas
              do nosso Rumo
              Eu vos sinto
              negros de todo o mundo
              eu vivo a vossa Dor
              meus irmãos.
              (A renúncia impossível)

              Quitandeira
              A quitanda.
              Muito sol
              e a quitandeira à sombra
              da mulemba.
              – Laranja, minha senhora,
              laranjinha boa!
              A luz brinca na cidade
              o seu quente jogo
              de claros e escuros
              e a vida brinca
              em corações aflitos
              o jogo da cabra-cega.
              A quitandeira
              que vende fruta
              vende-se.
              – Minha senhora
              laranja, laranjinha boa!
              Compra laranja doces
              compra-me também o amargo
              desta tortura
              da vida sem vida.
              Compra-me a infância do espírito
              este botão de rosa
              que não abriu
              princípio impelido ainda para um início.
              Laranja, minha senhora!
              Esgotaram-se os sorrisos
              com que chorava
              eu já não choro.
              E aí vão as minhas esperanças
              como foi o sangue dos meus filhos
              amassado no pó das estradas
              enterrado nas roças
              e o meu suor
              embebido nos fios de algodão
              que me cobrem.
              Como o esforço foi oferecido
              à segurança das máquinas
              à beleza das ruas asfaltadas
              de prédios de vários andares
              à comodidade de senhores ricos
              à alegria dispersa por cidades
              e eu
              me fui confundindo
              com os próprios problemas da existência.
              Aí vão as laranjas
              como eu me ofereci ao álcool
              para me anestesiar
              e me entreguei às religiões
              para me insensibilizar
              e me atordoei para viver.
              Tudo tenho dado.
              Até mesmo a minha dor
              e a poesia dos meus seios nus
              entreguei-as aos poetas.
              Agora vendo-me eu própria.
              – Compra laranjas
              minha senhora!
              Leva-me para as quitandas da Vida
              o meu preço é único:
              – sangue.
              Talvez vendendo-me
              eu me possua.
              – Compra laranjas!
              (Sagrada esperança)

               


              Mussunda amigo
              Para aqui estou eu
              Mussunda amigo
              Para aqui estou eu
              Contigo
              Com a firme vitória da tua alegria
              e da tua consciência
              O ió kalunga ua mu bangele!
              O ió kalunga ua mu bangele-lé-leleé…
              Lembras-te?
              Da tristeza daqueles tempos
              em que íamos
              comprar mangas
              e lastimar o destino
              das mulheres da Funda
              dos nossos cantos de lamento
              dos nossos desesperos
              e das nuvens dos nossos olhos
              Lembras-te?
              Para aqui estou eu
              Mussunda amigo
              A vida a ti a devo
              à mesma dedicação ao mesmo amor
              com que me salvaste do abraço
              da jibóia
              à tua força
              que transforma os destinos dos homens
              A ti Mussunda amigo
              a ti devo a vida
              E escrevo versos que não entendes
              compreendes a minha angústia?
              Para aqui estou eu
              Mussunda amigo
              escrevendo versos que tu não entendes
              Não era isto
              o que nós queríamos, bem sei
              Mas no espírito e na inteligência
              nós somos!
              Nós somos
              Mussunda amigo
              Nós somos
              Inseparáveis
              e caminhando ainda para o nosso sonho
              No meu caminho
              e no teu caminho
              os corações batem ritmos
              de noites fogueirentas
              os pés dançam sobre palcos
              de místicas tropicais
              Os sons não se apagam dos ouvidos
              O ió kalunga ua mu bangele…
              Nós somos!
              (Sagrada esperança)

              Contratados
              Longa fila de carregadores
              domina a estrada
              com os passos rápidos
              Sobre o dorso
              levam pesadas cargas
              Vão
              olhares longínquos
              corações medrosos
              braços fortes
              sorrisos profundos como águas profundas
              Largos meses os separam dos seus
              e vão cheios de saudades
              e de receio
              mas cantam
              Fatigados
              esgotados de trabalhos
              mas cantam
              Cheios de injustiças
              calados no imo das suas almas
              e cantam
              Com gritos de protesto
              mergulhados nas lágrimas do coração
              e cantam
              Lá vão
              perdem-se na distância
              na distância se perdem os seus cantos tristes
              Ah!
              eles cantam…
              (Sagrada esperança)
              Aspiração
              Ainda o meu canto dolente
              e a minha tristeza
              no Congo, na Geórgia, no Amazonas
              Ainda
              o meu sonho de batuque em noites de luar
              ainda os meus braços
              ainda os meus olhos
              ainda os meus gritos
              Ainda o dorso vergastado
              o coração abandonado
              a alma entregue à fé
              ainda a dúvida
              E sobre os meus cantos
              os meus sonhos
              os meus olhos
              os meus gritos
              sobre o meu mundo isolado
              o tempo parado
              Ainda o meu espírito
              ainda o quissange
              a marimba
              a viola
              o saxofone
              ainda os meus ritmos de ritual orgíaco
              Ainda a minha vida
              oferecida à Vida
              ainda o meu desejo
              Ainda o meu sonho
              o meu grito
              o meu braço
              a sustentar o meu Querer
              E nas sanzalas
              nas casas
              no subúrbios das cidades
              para lá das linhas
              nos recantos escuros das casas ricas
              onde os negros murmuram: ainda
              O meu desejo
              transformado em força
              inspirando as consciências desesperadas.
              (Sagrada esperança)

              Poesia Africana
              Lá no horizonte
              o fogo
              e as silhuetas escuras dos imbondeiros
              de braços erguidos
              No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas
              Poesia africana
              Na estrada
              a fila de carregadores bailundos
              gemendo sob o peso da crueira
              No quarto
              a mulatinha dos olhos meigos
              retocando o rosto com rouge e pó de arroz
              A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas
              Na cama
              o homem insone pensando
              em comprar garfos e facas para comer à mesa
              No céu o reflexo
              do fogo
              e as silhuetas dos negros batucando
              de braços erguidos
              No ar a melodia quente das marimbas
              Poesia africana
              E na estrada os carregadores
              no quarto a mulatinha
              na cama o homem insone
              Os braseiros consumindo
              consumindo
              a terra quente dos horizontes em fogo.
              (No reino de Caliban II –  antologia
              panorâmica de poesia africana de ex-
              pressão portuguesa)

              Fogo e ritmo
              Sons de grilhetas nas estradas
              cantos de pássaros
              sob a verdura úmida das florestas
              frescura na sinfonia adocicada
              dos coqueirais
              fogo
              fogo no capim
              fogo sobre o quente das chapas do Cayatte.
              Caminhos largos
              cheios de gente cheios de gente
              em êxodo de toda a parte
              caminhos largos para os horizontes fechados
              mas caminhos
              caminhos abertos por cima
              da impossibilidade dos braços.
              Fogueiras
              dança
              tamtam
              ritmo
              Ritmo na luz
              ritmo na cor
              ritmo no movimento
              ritmo nas gretas sangrentas dos pés descalços
              ritmo nas unhas descarnadas
              Mas ritmo
              ritmo.
              Ó vozes dolorosas de África!
              (Sagrada esperança)

               


              Noite
              Eu vivo
              nos bairros escuros do mundo
              sem luz nem vida.
              Vou pelas ruas
              às apalpadelas
              encostado aos meus informes sonhos
              tropeçando na escravidão
              ao meu desejo de ser.
              São bairros de escravos
              mundos de miséria
              bairros escuros.
              Onde as vontades se diluíram
              e os homens se confundiram
              com as coisas.
              Ando aos trambolhões
              pelas ruas sem luz
              desconhecidas
              pejadas de mística e terror
              de braço dado com fantasmas.
              Também a noite é escura.
              (Sagrada esperança)

              Consciencialização
              Medo no ar!
              Em cada esquina
              sentinelas vigilantes incendeiam olhares
              em cada casa
              se substituem apressadamente os fechos velhos
              das portas
              e em cada consciência
              fervilha o temor de se ouvir a si mesma
              A historia está a ser contada
              de novo
              Medo no ar!
              Acontece que eu
              homem humilde
              ainda mais humilde na pele negra
              me regresso África
              para mim
              com os olhos secos.
              (Sagrada esperança)

              Civilização ocidental
              Latas pregadas em paus
              fixados na terra
              fazem a casa
              Os farrapos completam
              a paisagem íntima
              O sol atravessando as frestas
              acorda o seu habitante
              Depois as doze horas de trabalho
              Escravo
              Britar pedra
              acarretar pedra
              britar pedra
              acarretar pedra
              ao sol
              à chuva
              britar pedra
              acarretar pedra
              A velhice vem cedo
              Uma esteira nas noites escuras
              basta para ele morrer
              grato
              e de fome.
              (Sagrada esperança)

              Adeus à hora da largada
              Minha Mãe
              (todas as mães negras
              cujos filhos partiram)
              tu me ensinaste a esperar
              como esperaste nas horas difíceis
              Mas a vida
              matou em mim essa mística esperança
              Eu já não espero
              sou aquele por quem se espera
              Sou eu minha Mãe
              a esperança somos nós
              os teus filhos
              partidos para uma fé que alimenta a vida
              Hoje
              somos as crianças nuas das sanzalas do mato
              os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
              nos areais ao meio-dia
              somos nós mesmos
              os contratados a queimar vidas nos cafezais
              os homens negros ignorantes
              que devem respeitar o homem branco
              e temer o rico
              somos os teus filhos
              dos bairros de pretos
              além aonde não chega a luz elétrica
              os homens bêbedos a cair
              abandonados ao ritmo dum batuque de morte
              teus filhos
              com fome
              com sede
              com vergonha de te chamarmos Mãe
              com medo de atravessar as ruas
              com medo dos homens
              nós mesmos
              Amanhã
              entoaremos hinos à liberdade
              quando comemorarmos
              a data da abolição desta escravatura
              Nós vamos em busca de luz
              os teus filhos Mãe
              (todas as mães negras
              cujos filhos partiram)
              Vão em busca de vida.
              Foto em destaque: Imagem retirada do site Lusofonia Poética
              Tags: AfricanosAngola
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              • Diante do quadro de pandemia e alto desemprego no País, o Geledés – Instituto da Mulher Negra e o Instituto RME fecharam uma parceria para auxiliar mulheres negras, em especial as que vivem em comunidades periféricas, em seu desenvolvimento profissional e pessoal. Os cursos serão oferecidos por meio da plataforma digital Potência Feminina, do @institutorme em parceria com o Google.org e hospedada no portal do Geledés. O projeto oferece capacitações gratuitas em empreendedorismo, empregabilidade e tecnologia de forma totalmente gratuita e de fácil acesso. Participe e compartilhe conhecimento!
              • No artigo da Coletiva Negras que Movem de hoje, a Mestre em Desenvolvimento Econômico Clara Marinho Pereira, mostra como a trajetoria de mulheres negras é mercada por ensinamentos e aprendizados. Confira um trecho:"Que lições as mulheres negras que ocupam a cena pública em presença e espírito têm deixado para nós? Apresentando-nos a negritude como lugar de força, criatividade e conquistas, pretas de diferentes segmentos têm nos deixado ensinamentos preciosos, partilhados conosco a partir da certeza da influência positiva na nossa autonomia. Neste texto, listo 7 lições aprendidas que busco recordar continuamente, por entender que elas nos dão régua e compasso para seguir em frente." Leia o artigo completo em: www.geledes.org.br A seção Coletiva Negras que Movem (@negrasquemovem), traz artigos de integrantes do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá (@fundobaoba).
              • "Esse texto não é o definitivo. Mas, se constitui em sementes introdutórias lançadas no bom terreno do diálogo ampliado, adocicado pela poesia lancinante da alma feminina/masculina e de outras definições para Masculinidades e Feminilidades." Leia o Guest Post de Rosangela Aparecida Hilário em www.geledes.org.br
              • "Hamilton Bernardes Cardoso (1953 – 1999) foi aquele que em meio aos processos de redemocratização brasileira da década de 1970 e dos movimentos políticos negros que fizeram parte a esse momento histórico da nossa sociedade, encarnou a figura do intelectual revolucionário orgânico, que originário das forças temporais que circulam pelas eras torna-se a representação viva de uma geração" Leia o Guest Post de Christian Ribeiro em www.geledes.org.br
              • Na coluna desta semana, Marina Vieira de Carvalho investiga a trajetória da poeta Gilka da Costa Machado e a luta pelo reconhecimento da produção intelectual das mulheres negras no pós-abolição. A despeito da qualidade de suas letras, Gilka não escapou ao silenciamento imposto pela sociedade patriarcal brasileira. Esse silenciamento, observado na trajetória de Gilka, é presente, ainda hoje, no desafio enfrentado pelas intelectuais negras contemporâneas. Mas o texto (re) apresenta Gilka da Costa Machado e a potência de sua obra feminista ao público. Confira um trecho do artigo"Musas Negras: raça, gênero e classe na vida de Gilka da Costa Machado":"Imagine o escândalo que foi (e ainda é para muitas pessoas) a visibilidade de uma mulher cujos poemas não eram considerados"femininos" - como as"flores", o"lar", o"recato" - e sim de letras deliberadamente eróticas. E se essa escritora, além disso tudo, fosse afro-brasileira e periférica? Aí começamos a entender os significados dos medos e esperanças que atravessam a revolução chamada Gilka da Costa Machado". Acesse o texto e o vídeo completos no Portal Geledés e no Acervo Cultne. https://youtu.be/GAwq2GaugGY A Coluna Nossas Histórias é uma parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultne. #Raça #Genero #Classe #GilkadaCostaMachado #EscritorasNegras #HistoriadorasNegras #NossasHistórias
              • O Itaú Cultural lança, em seu site www.itaucultural.org.br, a publicação Ocupação Itaú Cultural 50 – uma celebração, que comemora a marca de 50 exposições, alcançada em dezembro de 2020, desta série realizada pela organização desde 2009. Saiba mais em www.geledes.org.br
              • A designer Taís Nascimento faz uma análise de sobre a importância de mulheres negras ocuparem o mercado tecnologico Confira um trecho:"A imagem da mulher negra não está associada à imagem do sucesso profissional, das profissões mais bem remuneradas e ainda mais longe está das ciências e da tecnologia. Dito isto, entendo que antes de pensar nós mulheres negras enquanto trabalhadoras da tecnologia é importante refletir sobre nós mulheres negras na sociedade..." Leia o artigo completo em: www.geledes.org.br A seção Coletiva Negras que Movem (@negrasquemovem), traz artigos de integrantes do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá (@fundobaoba).
              • "Sou a mais velha de três irmãos, fomos criados todos numa casa de madeira muito simples, onde o chão era encerado com pasta de cera, cujo cheiro lembro até hoje." Leia o Guest Post de Rosemeri da Silva Madrid em www.geledes.org.br
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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