Alguns desafios para o surgimento de um novo homem

por Sérgio Martins

A enorme crise que a principal figura do patriarcalismo passa, tem seu agravamento com a ascensão das mulheres em vários postos de trabalhos, encerrando o papel, até então exclusivo do homem como chefe de família e provedor, colocando-o em uma posição de colaborador, tendo com isto, a tarefa de rever suas prioridades, que até então, eram consideradas projetos de exclusiva dedicação do conjunto do grupo familiar, e agora, são apenas desejos e aspirações, que necessitam de justificações plausíveis, além do simples mando patriarcal.

Mas a crise se aprofunda ainda mais, quando a diversidade do comportamento sexual, ganha o espaço público e rompe as barreiras da vida privada. O debate trazida à tona pela agenda LGBT faz um estrago na construção social da figura do homem, enquanto uma expressão de virilidade e macheza.

Enquanto, o comportamento homo afetivo permanecia relegado aos becos escuros e as esquinas, inclusive no que diz respeito aos aspectos de regulação legal, os ditos machos, gozavam de um contrato silencioso, uma vez, que sempre transitaram entre a pratica de sexo com mulheres e com membros da mesmo gênero, sem grandes incômodos, e longe dos refletores dos debates públicos sobre a legalidade do casamento entre gays e a criminalização da homofobia. Ao contrário, à luz do dia, quase todos incentivavam a homofobia, ainda ensinava aos filhos.

Por outro lado, as mulheres, como parte deste contrato mudo, também permanecem caladas, aprovando um modelo de comportamento, que só beneficiava os homens. Uma vez que, eles sempre fizeram o que desejava sexualmente, ocultado tal comportamento, preservando assim, o exercício do poder despótico na família e nas demais relações sociais.

Será que a crise atual fará com que os homem desapareçam, enquanto um conjunto de expressões comportamentais e sociais. Não, claro que não, apenas perdeu seu papel de ator central, que lhe permitiu impor sua agenda de prioridades, de forma pacifica ou violenta.

O novo homem deverá surgir destes escombros muito mais vigoroso e atuante, sem o peso da responsabilidade de ator central da cultura de dominação machista. Vai surgir um homem, poeta, encantador, liberto, capaz de construir uma nova agenda. Mantendo sua virilidade como marca, que prestigia a natureza do homem, enquanto um ser diferenciado na forma de se expressar na vida, porém, com encanto e leveza de cavalheiros.

Mas, o problema não para aí, porque de certa forma as mulheres, não todas, ainda exigem homens fechados em círculos de comportamentos antigos. Daí a necessidade de reinvenção do imaginário entre masculino e feminino. Ora, em uma cidade na ITÁLIA, um homem mudou de sexo e o casal desejava permanecer juntos, sem o rótulo de gays. Isto significa que as dualidades dos comportamentos opostos entre machos e femeas estão sendo superados. Assim, dimensão da procriação, não será a única a definir as afinidades entre as pessoas, sim seus desejos afetivos.

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