Amanda Gorman, poeta que roubou a cena na posse de Biden, lança novo poema sobre as mudanças climáticas

Aos 22 anos a poeta estadunidense Amanda Gorman já era autora premiada e celebrada no meio literário do país quando conquistou fama internacional em janeiro desse ano após se tornar a mais jovem poeta a falar um poema na posse de um presidente dos EUA. Enquanto Joe Biden era empossado presidente, Gorman roubou a cena na cerimônia com o incrível poema The Hill We Climb. Para seu novo poema, a jovem poeta preparou um vídeo especial, mostrando especialmente a imagem que a inspirou a escrever: a foto do Planeta Terra tirada em 1968 durante a missão da Apollo 8 ao redor da lua.

Intitulada “Earthrise” ou “Nascer da Terra”, o nome da foto também batiza o novo poema de Gorman, e o tema diante da foto foi tão direto e reto quanto inevitável: as mudanças climáticas e os maus-tratos que a humanidade comete contra o planeta – sua própria casa. “Na véspera do Natal, em 1968, o astronauta Bill Anders/ Tirou uma foto da Terra/ enquanto a Apollo 8 orbitava a lua”, dizem os versos de abertura do poema – que seguem: “Aqueles três caras/ ficaram surpresos/ em ver com seus olhos/ nosso planeta como um nascer da Terra/ uma esfera azul pairando sobre o horizonte cinza da lua/ com oceanos profundos e céus prateados”.

“Earthrise”, a foto da lua tirada da Apollo 8 (Foto: © NASA/Bill Anders)

O poema convida o leitor a imaginar uma outra realidade, na qual a humanidade se reúne para salvar o planeta – pois o quadro é tão grave que é fundamental se inventar um novo futuro possível. “Eu digo isso não para assustá-los/ mas para prepará-los, desafiá-los, a sonhar uma realidade diferente”, escreve Gorman. “Assim como escolhemos ir à Lua/ Sabemos que nunca é cedo demais/ para se escolher a esperança./ Escolhermos fazer mais do que enfrentar/ as mudanças climáticas/ Escolhemos encerrá-las/ E nos recusamos a perder”, diz o poema.

A mais jovem “poeta inaugural” da história dos EUA, Amanda Gorman é também escritora premiada e formanda cum laude na Universidade de Harvard, onde estou sociologia. Nascida em Los Angeles, ela tem três livros publicados e já colaborou com grandes jornais como o New York Times. O vídeo de “Earthrise” foi publicado no canal Climate Reality – e o poema pode ser visto na voz da própria Amanda no vídeo ou lido em inglês abaixo.

“On Christmas Eve, 1968, astronaut Bill Anders
Snapped a photo of the earth
As Apollo 8 orbited the moon.
Those three guys
Were surprised
To see from their eyes
Our planet looked like an earthrise
A blue orb hovering over the moon’s gray horizon,
with deep oceans and silver skies.

It was our world’s first glance at itself
Our first chance to see a shared reality,
A declared stance and a commonality;

A glimpse into our planet’s mirror,
And as threats drew nearer,
Our own urgency became clearer,
As we realize that we hold nothing dearer
than this floating body we all call home.

We’ve known
That we’re caught in the throes
Of climactic changes some say
Will just go away,
While some simply pray
To survive another day;
For it is the obscure, the oppressed, the poor,
Who when the disaster
Is declared done,
Still suffer more than anyone.

Climate change is the single greatest challenge of our time,

Of this, you’re certainly aware.
It’s saddening, but I cannot spare you
From knowing an inconvenient fact, because
It’s getting the facts straight that gets us to act and not to wait.

So I tell you this not to scare you,
But to prepare you, to dare you
To dream a different reality,

Where despite disparities
We all care to protect this world,
This riddled blue marble, this little true marvel
To muster the verve and the nerve
To see how we can serve
Our planet. You don’t need to be a politician
To make it your mission to conserve, to protect,
To preserve that one and only home
That is ours,
To use your unique power
To give next generations the planet they deserve.

We are demonstrating, creating, advocating
We heed this inconvenient truth, because we need to be anything but lenient
With the future of our youth.

And while this is a training,
in sustaining the future of our planet,
There is no rehearsal. The time is
Now
Now
Now,
Because the reversal of harm,
And protection of a future so universal
Should be anything but controversial.

So, earth, pale blue dot
We will fail you not.

Just as we chose to go to the moon
We know it’s never too soon
To choose hope.
We choose to do more than cope
With climate change
We choose to end it—
We refuse to lose.
Together we do this and more
Not because it’s very easy or nice
But because it is necessary,
Because with every dawn we carry
the weight of the fate of this celestial body orbiting a star.
And as heavy as that weight sounded, it doesn’t hold us down,
But it keeps us grounded, steady, ready,
Because an environmental movement of this size
Is simply another form of an earthrise.

To see it, close your eyes.
Visualize that all of us leaders in this room
and outside of these walls or in the halls, all
of us changemakers are in a spacecraft,
Floating like a silver raft
in space, and we see the face of our planet anew.
We relish the view;
We witness its round green and brilliant blue,
Which inspires us to ask deeply, wholly:
What can we do?
Open your eyes.
Know that the future of
this wise planet
Lies right in sight:
Right in all of us. Trust
this earth uprising.
All of us bring light to exciting solutions never tried before
For it is our hope that implores us, at our uncompromising core,
To keep rising up for an earth more than worth fighting for”

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