Andrade diz ter sido vítima de preconceito racial no Flamengo

Num país cuja formação racial é a miscigenação de negros, índios e brancos, Andrade, que carrega no currículo seis títulos brasileiros (cinco como jogador e um como técnico) sofreu discriminação racial dentro do Flamengo, clube no qual ajudou a escrever a história, por ser negro. Em 2004, quando assumiu o comando do time ao lado de Adílio, outro ídolo da nação rubro-negra nos anos 80, foi ridicularizado por um dirigente da base.

Foto Marcia Feitosa/Vipcomm

Sereno, o treinador, entretanto, preferiu não revelar o nome do cartola que o ofendeu na época que comandou o time rubro-negro. Ele disse que soube, durante conversa com Júnior, ex-jogador, técnico e dirigente do Flamengo.

“Em 2004, quando eu e Adílio assumimos o time do Flamengo, um diretor das categorias de base disse que o futebol tinha virado “urubu Flamengo”. Foi um comentário maldoso, errado e desrespeitoso comigo e com Adílio. Dei a volta por cima e estou muito feliz com a conquista do título. Quanto ao camarada, prefiro não dizer quem foi”, afirmou.

O técnico diz ter a certeza de que em todos esses anos como funcionário do clube nunca assumiu definitivamente o comando do time por ser negro. Mas, desta vez, o vice de futebol Marcos Braz acreditou que Andrade poderia conduzir o Flamengo ao topo do Brasil. Segundo o treinador, o dirigente o apoiou nesta difícil caminhada no Brasileiro.

“Como no início de todas as profissões a gente é visto com desconfiança. Muitos não acreditavam que poderíamos conseguir, principalmente porque tem o negócio da minha cor. Marcos Braz me deu a oportunidade que precisava e provei que tenho competência para ser técnico de um clube como o Flamengo”, disse.

Dono de seis títulos brasileiros, Andrade afirmou categoricamente ser alguém escolhido por Deus para comandar o Flamengo neste ano. Segundo ele próprio, a sua ida para o time principal foi algo arquitetado pelas divindades.

“Quando assumi o Flamengo, não foi por acaso. Fui um escolhido de Deus para cumprir uma missão. E conseguimos com sucesso. Mas não posso receber o mérito sozinho, pois os jogadores correram em campo por mim. Eles me disseram que fariam isso. Sem eles e os integrantes da comissão técnica, eu não estaria aqui”, comentou.

Apesar da conquista do hexacampeonato, ele ainda não sabe como será o seu futuro na Gávea. Andrade diz ter a intenção de permanecer para comandar o time no próximo ano, mas tudo dependerá da eleição presidencial do clube. O treinador comentou que ainda não sentou para conversar com os dirigentes sobre a sua permanência, mas afirmou ter clubes interessados na sua contratação.

“São apenas sondagens, mas para ter algo concreto é preciso ter o papel timbrado do clube. Isso não existe por enquanto. Quando tiver, vou estudar a proposta para ver se vale à pena. Porém, a minha vontade é de permanecer no Flamengo. Estamos num período de eleição para presidente do clube e temos de aguardar os acontecimentos”, encerrou.

Fonte: UOL

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