Ano novo, problema antigo

Não dá para apartar a grave crise do Equador do cenário de extrema desigualdade econômica

Onde grassa a miséria, é impossível encontrar uma situação de segurança e bem-estar social. A lógica do desenvolvimento econômico compreende o avanço de indicadores relacionados à qualidade de vida do povo —o que subentende que todos prosperem. É o tipo de lição que quanto antes for compreendida e aplicada, melhor para todo mundo.

Contudo, não é o que acontece na América Latina, onde mais de 180 milhões de pessoas não têm dinheiro para as necessidades básicas, segundo relatório divulgado no final de 2023 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Não dá para apartar a grave crise do Equador —uma economia dependente da exportação de petróleo, crustáceos e banana, onde mais de um quarto da população vive na pobreza e o narcotráfico está cada vez mais forte— do cenário de extrema desigualdade econômica.

Vale lembrar que o Brasil não é exceção. Apresenta a maior concentração de renda do mundo! Quase 49% de toda a riqueza está concentrada nas mãos de apenas 1% da população —pelos dados do Global Wealth Report 2023, do banco suíço UBS.

Crise de segurança é um problema antigo e complexo. E não se limita às desigualdades, pois envolve uma série de elementos, como a tomada de decisões —ou não— por agentes públicos em diversos poderes.
Como escrevi na coluna “Descontrole do Estado”, publicada na Folha, a situação se agrava quando o Estado renuncia ao seu papel —coisa que ocorreu oficialmente no Equador, onde a segurança pública foi privatizada.

O Brasil não faz fronteira com o Equador, mas faz com o Peru e a Colômbia, os dois maiores produtores de cocaína da região, que fazem fronteira com o Equador. Temos na Amazônia um enorme ponto de vulnerabilidade, com vários problemas já detectados e ainda não resolvidos. Não seria este um bom momento para olhar para dentro, fazer com afinco o dever de casa e centrar esforços em cuidar melhor do próprio quintal?

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