A chanceler alemã, Angela Merkel, propõe um novo processo de proibição contra o ultradireitista NPD (Partido Nacional Democrático), após a descoberta da trama terrorista de assassinatos em série de imigrantes supostamente cometidos por um grupo neonazista.
Nesta segunda-feira (14), a cúpula da CDU (União Democrata-Cristã), liderada por Merkel, apresentou no congresso da formação em Leipzig (leste da Alemanha) uma moção para reativar o processo de ilegalização iniciado em 2000 contra o NPD – que na época foi rejeitada por razões formais pelo Tribunal Constitucional.
A própria Merkel classificou nesta segunda, na abertura do congresso da CDU, de “vergonha para a Alemanha” a existência de uma trama terrorista de extrema-direita. O caso foi revelado por causa do suicídio de dois neonazistas, supostos assassinos de ao menos nove imigrantes e uma policial, entre 2000 e 2007.
Na moção, assinada por Merkel, pelo secretário-geral do partido, Hermann Gröhe, e por outros 27 delegados, a CDU se declara “consternada” pelos crimes, que revelam a determinação da extrema-direita de lutar com métodos terroristas contra o Estado de direito.
A célula revelou a brutalidade e o desprezo da democracia desses grupos, prossegue o texto, no qual reafirma o compromisso da CDU de esclarecer os fatos e endurecer a luta contra a extrema-direita.
Partido é considerado um refúgio para nazistas
O NPD, com 6.900 militantes e considerado o principal refúgio de neonazistas da Alemanha, elegeu neste domingo (13) Holger Apfel, representante da ala mais radical e reconhecido antissemita, como seu novo presidente, em um congresso em Neuruppin (leste da Alemanha).
Apfel, que substitui o “histórico” líder do NPD e seu rival interno, Udo Voigt, estreou com discurso em que anunciou a passagem para o radicalismo sério, com o objetivo de recuperar a militância perdida nos últimos anos.
O congresso ocorreu a portas fechadas, em meio a protestos da população na rua pela autorização desse fórum e sem a presença da imprensa aos debates, além dos afins à própria formação.
O NPD, com cadeiras nas câmaras dos estados da Saxônia e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental (leste do país), perdeu nos últimos anos um terço de sua militância, o que unido a várias sanções por irregularidades contábeis o colocou à beira da ruína.
Para tentar atenuar essa situação e cerrar fileiras fundiu-se no início do ano com a DVU (União do Povo Alemão), partido moderado dentro do âmbito da extrema-direita.
Nenhuma das legendas obteve jamais uma cadeira no Bundestag (o Parlamento federal alemão) por não ter alcançado o mínimo de 5% de votos necessários para aceder à Câmara.
Fonte: R7